A Sorte de um Adeus Não há promessa, eu não vou ficar de qualquer jeito. Adeus e não me chame... eu nunca vou olhar pra trás. Eu to sempre partindo, entenda. Não é que ficar não valha a pena, mas o tempo é uma navalha que ninguém consegue segurar, que te corta e você nem percebe, o mundo conspira minha ida e eu nunca venço. Então se eu não me virar é por carinho a tudo o que já existiu e a toda nossa invenção. Se puder, por favor, quando for a hora, me vire suas costas também e siga o quando der pra frente, parta de mim... não deixe que seja eu, não deixe que não seja você. Se puder, por favor, me perdoe. Mas me perdoe sabendo que é melhor um adeus virar a graça de um até logo, do que um até logo virar o gosto amargo de um adeus... um adeus que não se deu. Tem sido assim, partindo da vida antes que ela me parta em pedaços. Partindo pra ela antes que ela consiga partir de mim. Eu to sempre me despedindo das coisas, quer queira, quer não. Minha despedida é inevitável. Há 18 anos e pouco me despedi da minha pureza, tinha sido minha primeira vez... Eu chorei e com razão: eu nunca mais ia conseguir parar. Me despedido do colo, da minha bondade, da vida fácil e da minha lancheira. Me despedi da minha fé e do meu uniforme da escola. Me despedido do apego a minha mãe e depois do afeto dela por mim. Me despedi de muitas vontades que outras vieram preencher. Vieram as dúvidas das quais me despedi muitas vezes , elas sempre vêm e sempre vão, assim como a sorte, a dor, a raiva e a alegria. Sempre um "olá" sempre um "até logo". Minha vida virou um eterno adeus, últimos olhares, últimas palavras, pessoas que eu achei que iam estar lá sempre comigo e lá estava eu... indo embora de novo, ou pior, elas indo embora de mim. Eu aprendi a ver algumas coisas passarem contra minha vontade, aprendi a lutar e ganhar, aprendi com tudo o que perdi, que sempre me saiu cedo ou tarde demais, sem previsão alguma sobre a volta. Mas veja, minha mensagem é aqui de carinho. Meu último abraço é forte, a despedida é uma sorte que não se menospreza. Às vezes a vida te rouba só, tanto já perdi sem poder dizer o que quer que fosse. A vida me roubou um irmão, a vida meu roubou um amor incontável. Senti uma dor impossível, um desespero inteiro, meu coração incompleto... dele eu nunca me despedi, eu nunca pude lembrar-lo quanto meu amor estava lá... acompanhando-o onde quer que fosse. Então entenda meu apelo, algumas partidas são pra sempre... Antônio, me partiu. E eu sou só uma parte. Ame meu adeus, e esse último abraço, ame sua vida e deixe que as pessoas saibam disso, deixe que as pessoas saibam o quanto você se importa, dedique se nisso de coração. Entenda a sorte que é a simples oportunidade... Minha vida está nessa despedida, trate a com carinho. Um beijo,
Adeus.
quinta-feira, abril 26, 2007
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