quinta-feira, dezembro 13, 2007

Aspirina.

Nem que me gastem os punhos,
Nem que me custem os braços,
E dentes e bolsos e sonhos e amassos...
E amassos...

Nem que me levem amores,
E amoras e horas e letras.

Nem que cortem os risos e choros.
Nem que parem todas as batidas do meu coração.

Nem que me passem ventanias, noites,
Medos e metáforas.
Nem que me parem tantos agoras,
E tantos lá-foras e tanto desejar.

Nem que desvendem todas as promessas e decepções
Nem que eu dê toda a minha garra.
Toda a minha alvorada.

Que levem minha juventude,
Que levem meu ideal de plenitude,
Meu descompasso, meu descaso, meu senão,
Leve também meu desequilíbrio, essa tonteira boa.
Ah! Minha sorte, que leve ela toda.
Pra ela eu tenho força.

Nem que custe tanto, nem que custe quase tudo.
Vou levar no fundo da minha alma,
Na palma da minha mão,
Bem à flor-da-minha-pele
Essa menina do olhar de mar,
Beijo de garoa.

Que chegou como toxina,
Virou vida e sina.
Virou antes e então.
Fogos de artifício
À vista de um balão.

Essa menina
Virou tudo e mais um pouco
Minha razão de estar louco
Minha dor de cabeça,
Um copo com água e aspirina.

quarta-feira, novembro 14, 2007

A Esquisita e o Maluco

Te dizer no ouvido, baixinho que quero tudo parece besteira. 'Como querer tudo, garoto? Se nem tudo você conhece, se nem tudo agente pode, se nem tudo agente deve.' Você se engana quando pensa, que minha vontade é maior que eu... De repente o céu tá na minha cabeça, e o meu sorriso é de horizonte. Essa vontade seu olhar que me deu e não consegui mais tirar. Ficar no seu colo, e te contar meus absurdos, todos tão reais e improváveis... É que nem deitar na grama, e ter o mundo no meu abraço. Parece exagero mas na minha mente, mentira não descansa. Na minha mente eu sou poeta, mentiras são licença poética, erros são metáforas e todos os versos são meus... são tão nossos, tão soltos.
Você é uma menina esquisita, menina de alma e coração, mas uma mulher de olhos de inspiração, novos olhos do meu precipício. Do seu lado eu me sinto um absurdo, uma falha, um equívoco. Mas um absurdo tão completo, uma falha tão conveniente, um equívoco de sorte. Minha vida agora é uma confusão mais livre, mais intensa. E no meio de tanto devaneio, dessa prosa sem pé nem cabeça, eu consigo ter uma certeza ou duas. Eu tenho certeza que uma ventania carrega a minha linha cada vez pro lado mais certo, pro lado onde as linhas não existem, pro lado onde eu faço o que quero, e quero o que eu tenho feito, pro lado onde é agora e é inteiro e é eterno enquanto o valha, um lado onde nossa loucura não precisa de cura. Tenho certeza, que se você continuar a me olhar desse jeito, eu morro de tanta vida. e que eu vou cair mais pra cima, ou mais rápido pra baixo. Certeza de que beiro a perder os sentidos e que eu gosto disso. Tenho certeza que uma ventania carrega a minha linha cada vez mais pro seu lado.

"Você é maluco, gosta de uma esquisita."
"Você é esquisita, gosta de um maluco..."

segunda-feira, outubro 29, 2007

Olha:

Olha bem pra mim. Reolha mesmo, reolha direito porque eu já não sou mais o menino que você conheceu. Não é que o menino cresceu, ele só não é o mesmo que de logo ali. Eu queria te explicar, mas até eu acabar tudo já vai ter virado mentira. Não me entenda mal, as coisas passam... e eu também. Então faz o seguinte: me olha e me esqueça. Vai que dá sorte e tudo reapareça. E que o eu que eu estou seja agradável, talvez um pouco menos idiota. Vai que dá azar... porque eu passo. Então me esqueça, me esqueça mesmo... talvez a decepção vá ser menor. Olha bem pra mim, o que eu vou te falar é muito sério. Meu olhar distante, desse jeito maluco, meio sincero só vai te ensinar uma coisa: não há nada de sério em nada do que eu possa te dizer. Então me viva, me olhe e me esqueça. Não se aborreça a tentar entender. Porque o que tá aos olhos é alva, o que tá nos olhos é alma. E minha alma, ama a alva só. A alma da minha alva é feito de sol, poluição, horizonte e olhos. Alma que não tem sentido sem mudar, passar e esquecer. A alva da minha alma é o imenso que eu carrego. É o imenso que eu vejo. Esse porvir, por-ir. Esse poema dos olhos... Que acaba. Olhos que fecham. Alvas que se põe. Almas que se vão. Entende?

Ah! Esquece...
E olha pra mim. Reolha mesmo...

quinta-feira, outubro 25, 2007

Uma Colher de Açúcar.

Como eu posso explicar como isso tudo é tão raro? De repente assim todas as minhas tolices são dedicadas a você. Sabe como é, preencheu de súbito... Deu vontade de gritar, e fazer birra mas não te largar. Me fez menino. Deu vontade de fazer bico, manha até de manhã. Deu vontade de te conquistar, te fazer achar que eu sou o máximo... por mais que eu seja um desastrado, que faz, faz tudo errado. Eu quis chamar a sua atenção, juro que plantaria até bananeira, aprenderia a dar pirueta sou capaz de tanta besteira... culpa da sua revolução. Diverte, encanta, me deixa distraído... talvez até apaixonado. Não sei o que tem de errado... mas você me deixou maluco. Mais maluco que um dia já fui. Deu vontade de fazer bagunça pra todo mundo saber. Todo mundo saber que é você dona disso tudo... dessa linha que segura os meus versos, pra não cair no branco do papel assim em vão. Deu vontade de fazer tanto barulho que você me colocasse de castigo, e judiasse de mim debaixo daquele cobertor. Ah! Como eu imagino... Como eu fiquei menino! Perdi uns anos de vida, voltei tudo atrás. Já já to soltando pipa, jogando fubeca, comendo jujuba. Deu vontade de fingir doença, pra você me curar com uma xicara de chá. Mas não podia faltar, aquela colher de açúcar sua. Porque tudo isso aqui seria nada sem seu doce tão branquinho e tão gostoso. To espalhando sorriso de graça pra toda cidade, porque me deu vontade... me deu vontade de você...

Deu vontade de poetizar e poetizar pra minha poetiza.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Avenida com Dois Nomes.

To só de passagem. Não, moça, agradeço a bondade. Mas não vim pra ficar, o mundo fica na paisagem, eu fico de passagem em todo lugar. Faz parte sim, de mim essa vista toda, e toda ela não diz nada sobre mim. Nesse lugar tão longe, tão longo, eu me encontro, eu me reduzo... a ser. Minha vida é essa avenida. Essa avenida que tem dois nomes: daqui pra frente ela chama Estrada do Sonhar; daqui pra trás chama Caminho da Saudade. Só verbo. Verbo, desencontro, descompasso, inconseqüencias, existir. Minha crença é frágil, mas meu passo é feito de aço, fogo e sangue. Tem suor mas festa, tem muito chão essa minha caminhada, tem muito nada também, tem muito vazio. Mas pára pra olhar em volta quanto horizonte... Tira o ar o tanto ar que cabe aqui... Nessa grandeza poéticamente inimaginável, internamente possível. Nessa ida, tão querida e tão dura, tão... apaixonada, eu sigo caminhando para não-conhecer o limite, pra esquecer... Sei que estive em milhares de lugares, milhões de corações, nas sinas de algumas meninas, no sono de alguns outonos e aprendi. Aprendi do mais doce e do mais amargo com tantas entradas e saídas, vindas e despedidas. Aprendi com essa vontade enorme de comer as nuvens. Com essa vontade de correr essa Estrada pra frente, e sentir ficar cada vez mais esse Caminho...

Viu quanto horizonte?
Agora vou embora. To só de passagem, moça, agradeço a bondade...

quarta-feira, setembro 26, 2007

Passarinhar

Passarinhe o que eu sou. Pode pousar no meu dedinho que eu te carinho mesmo sem te compreender. Sabe como é, você escreve o imenso do imenso da minha vida. Me confunde, me diverte, me fascina, me remete a viver uma viagem de graça sua, de rabiscos de danças no ar. É só você passarinhar por aqui que cria um horizonte pra todo lado que vejo. Destrói interrupções, faz liberdade, trezentos e sessenta graus. O mundo fica sem muros, meus pés ficam descalços, e essa terra toda vira uma ilha de milhas de nós cercados de auroras e pôr-do-sol.
Passarinha que não é minha passarinha minha vida, meu agora, me faz pensar demais, me faz viver muito mais que isso. E vai embora em breve, me rancou mil sorrisos e deixa versos voando soltos na minha cabeça:

Passarinha,
Não é preciso ir tão longe
O horizonte do horizonte é aqui,
O distante do distante é perto,
A liberdade da liberdade é viver,
O sonho do sonho é acordar
Na confusão da confusão que é você
Aparecer e passarinhar e passarinhar.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Jardineirando.

Eu quis te ter
E cavar um buraco no seu peito.
Mexer nessa terra dura que é você.

Te abrir
Pra poder deixar pousar um dia
Uma semente só
Uma dia que não hoje...
E que hoje talvez.

Tirar essa pedra
Que alguém enterrou ai
Evitar que um dia, se estiver sozinha
Você se apedreje por não saber
Que nesse buraco cabe um tanto de cor
No lugar de um tanto de dor.

Pra poder deixar crescer
Uma muda que seja
Um sonho apenas
De flor margarida,
de sabor maracujá.

Como jardineiro
Que embeleza jardim que não é seu
E vai se embora com nada
Eu te quis assim...

Eu quis cavar um buraco no seu peito
Pra te fazer um bem
Que você levasse consigo,
Pra que talvez
Você não seja minha...

Mas feliz com certeza.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Recado pra um Anônimo 2

Se eu te transcrevo talvez seja hora de eu te conhecer, porque ai talvez você me conheça e me explique porque será que ninguém me transcreve ultimamente.

domingo, julho 29, 2007

O Que Eu Sou

Quem é você? De tantas coisas que eu sou e não sei dizer... Quantas mais não sou, e sei que é.

Eu não sou Yuri Braga, eu não sou meu nome, não sou a pessoa na minha identidade, eu não sou a pessoa na foto, olho e digo: eu não sou esse ai. Eu não sou isso, eu não sou aquilo lá. Eu não sou o outro, eu não sou aquele, mas eu não sou mais o mesmo... Eu não sou mesmo! Eu não sou mesmo diferente, eu não sou um cara comum, eu não sou um cara... normal. Mas olhe, eu não sou louco, eu não sou o devaneio, nem os sonhos que tenho, eu não sou feito dos medos que tenho, nem das minhas insanidades. Eu não sou feito de carne e osso, não sou feito de idéias, eu não posso ser só isso. Eu não posso ser o que essa pele mostra, esse rosto, esse abraço que dou, esse beijo de entrego, os poemas que faço, não sou o que te digo. Mas eu não sou louco, não sou Yuri Braga...
Eu não sou quem, nem um porquê de ser. Não sou uma resposta, nem ponto de interrogação. Não sou um ponto, não sou referência, não sou uma linha, não sou um limite, não sou a liberdade em si, nem em dó, nem sustenido, não sou tom, não sou mi. Não sou em mim, não sou em ti. Eu não sou, aliás, uma porção de traços dados por Deus: eu não sou um esboço, não sou uma obra completa; eu não sou uma porção de negações, nem uma porção de moléculas morrendo. Eu não posso ser muitos, eu não posso ser tantos, e tantos são o que não sou. Não sou quando: não fui ontem, não serei amanhã. Ou será que serei? Eu não sou uma certeza.
Não sou um menino maduro, não sou um adulto infantil. Eu não sou o que está no meio, não sou equilíbrio, eu não sou metade. Não sou todos os extremos, será que a metade das metades? Eu não sou tantos... A metade de Oswaldo Montenegro não me escreve, não escrevo o que sou. Não sou essas letras, não sou o que está nesse papel, nem o que resta dele, quem sou eu? Eu não sou Yuri Braga, e não sou nada, não sou tudo, não sou tudo no meio, nem nada no que o meio não é. Eu não sou metade (Não sou nem a metade da laranja de ninguém. Eu não sou uma fruta! Que absurdo...).
Eu não sou de ferro, não vou pro inferno, não vou pro céu. Não sou fogo, não sou foda, não sou o que como. Não sou como, como? Não sei explicar, mas não sou. Eu não sei explicar, mas não sou. Não sou e não sou.

Eu não sou Yuri Braga, deixa eu explicar: às vezes não sei ser Yuri Braga, eu não sei saber ser Yuri Braga. Aí penso: mas sei o que ser Yuri Braga significa, talvez, ora sim, com sorte, eu seja Yuri Braga sem querer. E Yuri Braga simplesmente seja o que sou sem saber.

quarta-feira, julho 11, 2007

Cabelo cor de caramelo.

Se eu olhar pra fora agora, vou ver nada além de caraminhola. Caraminholas, caramelos... todos na minha cabeça. Eu podia até chamar isso de loucura se não visse claro que lá fora é lá fora e aqui dentro sou só eu. Caraminholas escrevem na divisão dessa parede várias histórias, caraminholas convertem a natureza das coisas sãs pra natureza das coisas de sonho. Porque sonho pra caramba, sonho até meus olhos abertos imaginarem distorções bonitas nesse quadro de tristeza. Mas vejo bem, sonhar não é ser louco, ser louco é deixar de sonhar. Vejo até no meu amanhã o dia mais importante da minha vida e nem tenho nada na agenda, não tenho nada na cabeça que faça com que isso seja uma certeza, ou ao menos uma incerteza... tudo o que tenho são caraminholas na cabeça. Do meu amanhã não me lembro, do meu ontem eu não sei, do meu agora... caraminholas. Caraminholas na minha cabeça.

Qual o Gosto?

Gosto mesmo do gosto que você gosta. Gosto de gostar do nosso gosto. Mas tenho que ir embora, o mundo me chama agora, lá fora tem tantos gostos que eu não provei, provas que não passei, passagens que eu não cruzei, cruzamentos que no seu se gosto ou gostarei de fechar ou ir em frente por qualquer dos 3 caminhos... E se eu não for entende, nunca provarei, passarei, cruzarei nem saberei o gosto que tem. E pode ser que seja amargo, mas o que posso fazer, se minha cabeça é de vento e meus pés são de valsa... Tenho que dançar por aí, viver a brisa dos meus dias, preciso de presentes tão logo ausentes, de passados tão re-presentes, de futuros tão imprevisíveis quanto o gosto dessa estrada. Do meu copo eu to tomando a droga da liberdade, que o gosto eu desconheço... mas isso não me impede, porque impedir, é aceitar a saudade do que você nunca sentiu, e eu acho isso muito estúpido. Mando agora cartas com endereço ao vento, canções para o vago, olhares para a luz, abraços para o vago, um olá para o anteontem, um até logo para o vago. Porque às vezes vale mais o vago do desconhecido do que conhecer o vago seu de perto. Às vezes o mistério se parece insegurança, um espaço pra que o vago da imensidão do mundo me chame, e eu atenda... To tomando a droga da liberdade, que delicia e corrói, que viaja vicia, chega... destrói, sai como se não fosse nada. Minha perdição pode ser só mais um sorriso, só mais uma música, só mais um minuto. Minha perdição poderia ser também uma voz a menos, um tempo a menos, um abraço que não deu. E abraço a dúvida como a um irmão, e sigo em frente... To tomando a distorção que me permite, pra ver prazer na dureza que via, ver beleza na dureza que via, ver paixão na dureza que via... Prazer, beleza, paixão. Todo tomando a droga contra todo não que um dia eu já dei. Virei rei das minhas horas, de tanto agoras que nunca tive... e se foram, se poram, se secaram, se despetalaram, se...

Entenda, que parto não porque não gosto de você, é porque preciso achar o meu paladar pra vida, o meu toque de sentir, pra assim quem sabe aprender a gostar de gostar de mim.

quinta-feira, junho 28, 2007

Madrugadas e Janelas de Quase Amor.

Não faz assim comigo, você sabe como eu fico quando a noite passa... enquanto o dia não é dia ainda. Nessa quase noite quase manhã, eu fico vulnerável. Então não se declare assim, não diga essas palavras desse jeito... desse jeito seu de dizer as palavras. Elas escrevem contornos na minha parede, desenha uma janela minha, quase nossa, e eu olho pra fora e te imagino. Porque se agente nunca teve porta eu invento uma outra saída, se o que agente foi não tem um nome, eu invento um sentimento novo, algo que você nunca provou. Mas a distancia é real e nisso eu só posso enganar do jeito que posso. Invade em mim uma vaga idéia, uma ponta de inspiração, uma faísca de viagem. Relembro do inexplicável, em vez de negar. Lembro de nós e aproveito cada pedaço do que guarda minha memória. E é nessa minha imaginação, que você tá mais perto. São milhas eu sei... Só que da janela te desejo uma janela também, que é do outro lado da rua, e que nela você possa ver o clima que deseja, ruas, pássaros, gente engraçada, e que você me veja, olhando pra fora, perdido. Da janela, eu sonho você, da janela tenho mais passos pra perto, de um ponto que imagino... que eu imagino ser o seu. A janela me traga como cigarro e me sopra, a fumaça tá na minha cabeça só e ela tem seu rosto. Me sopra pra que o vento me carregue, me enrole numa nuvem, me chova... e eu floresça na frente da tua casa. Quando eu me lembro... eu ainda estou aqui. Minha janela vira um abismo e a distância invisível que separa agente vira um século, um ausente completo. No fim, prosas não mudam nada, só reacendem brasa velha, pra fazer luz no peito e acabar com o tempo. No fim, eu só quero que você saiba que é quase amor mesmo, mesmo que isso acabe comigo toda hora... é quase amor o que vejo nessa minha janela.

quarta-feira, junho 27, 2007

Clichê

Te vejo vir,
Eu posso virar as costas
E abraçar meu mundo só,
Mas eu fico, Nem sei se devo
Não te sigo. Não temo,
Eu só espero...
Espero...

Você acaba de subir a rua
Sua luz ofuscando a lua.

Versos surgem atráves de minha mente
Que mente e remente.
E eu rimo clichê com (ou sem) você,
Rimo até bela com você.
Brinco com as palavras na minha cabeça,
Brinco com seu cabelo na minha mão,
Brinco de conquistar seu coração.

Você brinca de acreditar,
E nós brincamos até o mundo acabar
O nosso joguinho de 'amar'.

Rimo clichê comigo. E sigo...
Ao seu lado até uma outra rua, e outra.
E outra vez voce me olha fundo
Pedindo pra não ir jamais.
Legal o jogo que agente faz.

Eu brinco de acreditar,
E nós brincamos até o mundo acabar
O nosso joguinho de 'amar'.

Fascinado. Não só com os olhos teus
Mas com o sentimento que sinto.
Com o pleonasmo que não importa
Como tudo a sua volta.

Rimo clichê com todo o poema .

Eu te abraço,
Digo adeus,
Digo talvez,
Digo que sentirei sua falta,
E você repete o que eu disse.

Nós brincamos de acreditar
E brincaríamos até o mundo acabar
Perante nossos pés.

Nós juramos não olhar pra trás (e rimamos clichê)
E eu minto.
Minto sem pecado,
Minto com paixão
...Ou não.

Então eu vejo você abraçada,
E eu calado.
Enquanto desces mais uma rua
Com mais um desconhecido do lado.

segunda-feira, junho 25, 2007

Ah! Essa minha Sinceridade Bêbada...

Ah! Essa minha sinceridade bêbada... Te olho fundo nos olhos, mas não tenho certeza. Não tenho certeza de nada, nem certeza se eu te olho para eles mesmo ou se escapo sem querer pro seu colo. Mas eu faço força, me concentro o quanto posso e tento te conquistar com um sorriso bobo, quase idiota, quase tímido. Você fala alguma coisa, uma história longa, algo que eu acho que nem gostoe confirmo com a cabeça... eu to viajando, te falo: "legal, nossa, jura!?" mas to pensando em coisas que esqueci de fazer, ou se existem macacos brancos iguais aos daquele filme velho pra caramba, penso no cabelo engraçado das mulheres que atuavam nele, "nossa qual é o nome desse filme mesmo!?". Aí você me interrompe: "Ei Yuri, você tá me ouvindo?!" Aí eu tento te conquistar de novo com aquele sorriso bobo e respondo fácil: "Nossa, você fica mais linda mesmo quando tá nervosa!" Ah! Essa minha sinceridade bêbada... evasiva, inteligente, real e desconcertante. Eu penso como gosto de mim assim, e é verdade você é linda mesmo... E aí quem ri quase idiota, quase tímido é você. E eu sei que é hora, ou acho que sei, mas passo a mão na sua franja e deixo atrás da orelha, cravo a mão na sua nuca, e quase puxo seu cabelo de leve, te beijo com vontade, te beijo com quase amor à esse segundo. Nesse momento eu sei que você tá feliz, quase sorri entre o beijo, me abraça com gosto. Nesse momento eu gosto de você, e adoro sua graça, seu sorriso delicado, digo: "Seu jeito às vezes me fascina". E penso: "Eu sou um idiota..." Ah! Essa minha sinceridade... Te deixo um pouco depois, não quero causar impressão, quero causar delírio... Ou na verdade, verdade mesmo... só quero mais uma cerveja.

Ah!...

domingo, junho 24, 2007

A Medida

Se meus versos tivessem alguma medida e se a medida fosse o meu coração, meu poema teria o seu tamanho, o tamanho da sua casa, e de toda a vista que seus olhos alcançam. E a linha que eu risquei na folha ia ser um absurdo, sinuosa, às vezes reta, às vezes incorreta... Porque a minha paixão por você é imensa... E inconstante.

domingo, junho 17, 2007

Na Festa da Minha Insanidade

Um brinde ao erro das primeiras impressões,
Ao disfarce das segundas intenções,
Um brinde pra começar a viagem de todas invenções.

À folhas de outono

Um brinde às lajes do inconcreto,
À incerteza da beleza do certo,
Um brinde pra perder a timidez do indiscreto.

Ao flerte com a janela.

Um brinde à verdade numa miragem,
Ao centro da margem,
Um brinde das festas de sacanagem.

Ao drama mudo.

Um brinde às pessoas de tato,
À razão de todo abstrato,
Um brinde antes de perder o contato.

Ao embaraço do meu nó.

Um brinde às putaria que se faz no cinema,
Ao ultraje de uma situação amena,
Um brinde pra sina de toda cena.

À manhãs de feira.

Um brinde ao estrondo de uma afasia,
Um brinde antes de amanhecer com asia,
Um brinde pra acabar de rimar numa rima vazia.

quarta-feira, junho 13, 2007

Oração Pra Contradição.

Pro sim das pessoas difíceis,
Pro difícil de viver no certo,
Pro certo de viver no errado,
Pro errado de não viver.

Pro improvável da sorte,
Pra morte dos perdidos,
Pros perdidos nas conseqüências,
Pra ciência do inexato.

Pro exceto dos incluídos,

Pro invernos no deserto,
Pras chuvas no inferno,
Pro verão no polar,
Pro lar dos desabrigados
Pro obrigado dos sem educação.

Pra batida do coração,
Pros corações que batem descaso.
Pro acaso do destino,
Pro destino que não tem limite,
Pro limite da liberdade,
Pra liberdade de não ter opinião,
Pra opinião do alienado,
Pro lado de quem não tem partido,
Pra quem está partindo pra não voltar,
Pro voto pra cima do muro,
Pro muro do preconceito,
Pro conceito de quem se permite,
Pra quem se permite dizer não,
Pra quem não se esquece de dizer sim
Pro sim das pessoas difíceis.

quarta-feira, junho 06, 2007

O Muro do Direito

O errado é o reverso
O certo é... o certo somente.
Mas se a real fosse só o oposto disso,
O que seria da liberdade do meio termo?

Porque o muro é um direito.
Se não fosse,
Meu poder de fazer
Poesias da cor que quero,
Nas linhas que posso
Seria uma prisão de mentiras.

Às vezes linha que posso
É corda bamba de cimas de muro.
Diversão de viajar na de circo.

O mundo me serve de todo.
Do tudo quero o completo.

Já foi o dia
Que eu era um só dos lados,
Só todos os extremos.
Hoje o certo é que eu abri minha cabeça
E perdi a chave...

Agora posso tá sempre certo,
Sempre errado
Porque a verdade é que a verdade
É o inverso de todo certo.
Porque se a verdade é o que te basta,
Basta você saber o que você quer querer.

Mas até pra isso...
O muro é um direito.

domingo, junho 03, 2007

É de Verdade Essa Minha Audácia

Eu nao faço cena, garota, faço sinas. Uma prisão de pensamentos, desejos e pesadelos... tarda a abrir, tarde da noite e eu ali... dançando na sua cabeça. Eu sou por acidente, mas minhas marca é pra sempre. Eu só quero entorpecer sua veia, seus nervos, a cada vazio, a cada instante. Sua não-solução pra todos seus problemas, um infinito renascer do seu vício, cada vez mais forte... mais distante e mais forte. Todo pouco de gosto bom, toda breviedade de momentos perfeitos. Simples por fora, e um exagero no seu peito... florescendo e te apagando por dentro. Um tanto de riso, um tanto de mágoa, o contra-senso entre você e o mundo. O lógico da sua fuga inconstante de mim, e a aurora em silêncio da sua alma, delírio de flores colhidas num terreno baldio, lindas... O segredo que você não consegue segurar na ponta língua. Toda dose de favo e fel.

Não me leve a mal, mas não importa assim você me amar... Me importa você não esquecer, que um dia eu já fui o melhor pra você, por isso tento te acertar a cada palavra. Soa idiota e egoísta, mas vai dizer que você quer me deixar? Deixar meus pensamentos tão cedo... você quer a mim e a todo o resto de mundo, é só uma questão de sinceridade. O quanto você consegue?

sábado, junho 02, 2007

Dona Chuva,

Quanta coisa seca,
Quanta gente prudente,
Quanta coisa acontece,
Quanto olhar carente.

Quanta mulher tão certa,
Quanta mentira,
Quanto homem prepotente,
Quanto amarelo no dente.

Quanta rima besta.

Quanto cinza em tudo,
Quanta coisa ruim,
E solidão,
Quanta solidão.

Cabelos arrumados,
Dias sem festa,
Vontades que passam,
Abafados que não refrescam,
Coisas que não mudam.

Quanta vida ausente,
Experiência que se nega,
Felicidade que não se rega,
Desviar de poças,
Passos e cuidados,
Liberdade que não se toma.

Eu to molhado, é verdade.
Mas quanta coisa boa se perde...
... embaixo do guarda-chuva.

Poema pra Fazer Chover

Hoje eu vou jogar sal no céu, pra fazer chover em você pra cada gota pingar um pouco de lembrança dos dias de romance que já te parecem mentira de tão longe.
Hoje eu vou jogar o céu na sua... cabeça, pra te fazer chover de saudade dos dias de sonho espiral, que já te fizeram tonta. Tão tonta a ponto de ver fogos de artifício onde nem estrelas tinha.
Hoje eu vou me jogar, hoje eu vou jogar você. Vou fazer o impossível. Porque sou insatisfeito de te satisfazer, porque eu sei que afinal é isso mesmo o que pensas em fazer.

domingo, maio 27, 2007

Respondendo Um Anônimo.

É de direito meu, porque eu me vejo sozinho. Faço o que acho certo, mas me vejo só. Se você faz o que acha certo, ok, parabéns. Mas entenda, é de direito meu me aliviar do jeito que quero, do jeito que posso, porque não seria legal eu sair por aí batendo nos prostitutos perdidos... O mundo tá aí pra todo mundo ver, e é uma putaria sim o que eu tenho assistido. Me questiono em relação as coisas que eu não faria, e vi fazerem comigo, me questiono em relação às pessoas que confio (e eu sinto que você já foi uma delas). Nada contra anônimatos, tem coisas que eu faço que não me orgulho. Mas nunca magoei ninguém do jeito que eu fui magoado quando escrevi esse texto, então é de direito meu: eu falo do mundo o que o mundo me mostra, eu sei que exagero, às vezes até desespero... Mas se SEU mundo não é um bordel hoje (porque eu sei que todo mundo cai, e todo mundo já pensou como eu pelo menos por um instante) a melhor coisa que você poderia fazer era dar uma força, porque se auto-afirmar é coisa fácil, reações como essa não me surpreendem... quero ver quem dá as caras pra ajudar. Assim eu faço, e assim eu saio de um buraco... tentando levar alguém, porque não se vai tão longe sozinho percebe? Se eu generalizo é porque existem pessoas como você que só estão preocupadas em fugir da generalização quando, na verdade, no final... estamos todos juntos.

sábado, maio 26, 2007

O Bordel do Mundo

Que saudade que eu tenho, dos sorrisos frescos das putas desse lugar. Sorriso de sonho em ter uma chance de entrar numa novela, numa peça de teatro, quem sabe ser uma modelo fotográfica. Talvez, se transasse o cara mais importante do jeito que ele mais gostasse. O tempo passou, esses sorrisos já não estão lá, e elas gemem com menos dedicação. Os fregueses desse lugar são todos prostitutos infelizes. Todos atrás do mesmo status de pegador. Talvez, transar a puta mais gostosa do jeito que ela mais gostasse, fazer ela gemer como antes e poder contar pros seus amigos adúlteros e imbecis que eles fizeram com ela o que não conseguem fazer com sua esposa a tempos.
As esposas também vivem seu puteiro de cada dia, sabem que são cornas e matam sua insatisfações nos pintos do vizinho, do padeiro... enfim, eles sempre têm um emprego, e elas ainda contam pra suas amigas que eles são bons de cama... mas elas já não gemem do mesmo jeito. Essas esposas comem os vizinhos porque não conseguem manter o marido em casa ou porque se acham feias, ou velhas, ou até mesmo porque sempre estavam cansadas de foder com os outros... Vai saber. São tanto motivos e dores que as histórias se confundem e se invertem, nascem lésbicas e gays que se traem e se transam com outros caras ou outras caras. Os filhos das moças do puteiro vão crescer vendo suas mães dando pra idiotas e vão amadurecer marginais ou retardados e comer as amigas da mãe.
As putas e as esposas putas são todas as meninas e os meninos são todos os prostitutos e vizinhos prostitutos... O mundo é um bordel. E as pessoas se comeram tanto que nem repararam que comeram a sinceridade, o respeito e o amor.
É, que saudade que eu tenho... ninguém sorri do mesmo jeito e eu me pergunto: Mas que putaria é essa que agente ta fazendo com a nossa vida?!

quinta-feira, maio 24, 2007

Pra quê MP3?

Eu não preciso de mp3, walkman, nem toca fitas. A música tá na cabeça, fica rodando na minha mente. Balança meu viver e me move pela cidade, a música tá na batida do pé, no batuque do coração. E eu fico imaginando... a melodia da minha vida, eu invento quase que sozinho, mexo nas chaves no meu bolso, estalo os dedos, bato com a mão nas portas do metrô. A levada é de samba rap rock misturado com jazz e mpb, e o canto arde no peito, queima nos dedos e rasga na garganta... e tá certo que eu não canto bem, mas que que tem de errado se minha mensagem é de vida? É, a vida tá valendo... O pessoal me acha maluco, porque eu ando com balanço, viajando na de maestro, mexendo a cabeça e dublando uma letra que eu acabei de inventar. "Nem ta ouvindo nada"- o pessoal deve pensar, mal eles sabem, que eu to vivendo um refrão que não se repete. Minha música eu carrego a flor do ouvido, e dentro dos meus sapatos. Aqui toda letra é uma nota, entende? No meu dia-a-dia ninguém me diz o que cantar, a vitrola tá na minha caixola, a música é quase toda minha liberdade de expressão... pena que ninguém me ouve.

sábado, maio 19, 2007

Minhas Metáforas de Você

Você chegou pra quebrar minha cabeça,
Meu coração de pedra,
Meu punho de ferro.

Dor de cotovelo.
Deu nos nervos,
E me deu mão.

Você foi o embarasso no meu cabelo,
Meu nó na garganta,
As borboletas no meu estômago,
E as asas nas minhas costas.

Você foi as pedras no meu sapato,
Aquela que me caiu como uma luva.
Você foi o segredo das minhas mangas,
Meu pé de meia, o peso dos meus chapéus.

Você foi minha cara de pau,
Meu papo furado,
Meu perder de fôlego,
Meu respirar de ar fresco.

O engolir de minhas palavras.

E esteve na ponta da minha língua
Nas minhas mãos atadas,
Embaixo do meu nariz
E à flor da minha pele.

O que eu fui um dia
De corpo e alma
Era você

Hoje o que sou,
Todas as minhas metáforas
Tem um pedaço seu

E entenda,
Minha cabeça... hahaha
É mais dura que o tempo...

Difícil mudar isso, não acha?

sexta-feira, maio 11, 2007

Carta Pra Viver Mais

Querido Deus,
Se você deixar eu abrir meus olhos de novo,
Eu vou fazer diferente.
Eu vou ser mais indecente, mais errado, mais sincero.

Se você deixar,
Eu vou tentar saltar de mais alto,
Vou correr pra mais longe,
Vou acelerar mais e mais.
Vou tentar voar com mais freqüência.

Vou passar mais horas acordado
Provar mais drogas, vou provar mais valor.
Provar mais fontes, mais sabores.

Vou sentir raiva, do meu peito até meus ossos.
Até meus cabelos e dedos.
Menos calma, menos pudor.
Mas também vou sentir mais alegria,
Mais prazer, mais piração...
Mais um pedaço do céu na Terra
Mais um pedaço do inferno na Terra.

Desrespeitar mais as autoridades,
Gostar das coisas esquisitas,
E ligar mais pros meus amigos,
Me apaixonar o dobro de vezes
O dobro, de intensidade.
Vou ouvir mais,
Mas falar mais o que eu penso.

Se você me deixar voltar,
Eu vou tomar todos os dias de uma só vez,
Vou emendar noite, dia e madrugada.
Vou perder a hora,

Vou viver o agora,
Por que já sei o valor do pra sempre.
Já sei o valor do nunca mais.

Deus, eu juro, que se me deixar voltar
Eu vou provar mais de todo pecado, e de toda virtude,
Vou provar todos os meus desejos e desdesejos

... E depois agente se resolve.

Chamar mais as velhas de bonitas
Mais ainda as meninas que não são.
Vou assobiar todo dia, vou dançar toda música.

Eu só quero romantizar, poetizar, musicar
Um pouco do mundo...
Eu não quero ser admirado,
Eu só quero mais a vida do meu lado.

E tomar mais banhos de lua,
Mais banhos de sol.
Mais banhos de aurora, e de arrebol.
E, claro, comer mais tranqueira.

Fazer as noites terem menos final,
Os dias começarem mais longos.
Viver a vida assim,
Tão cheia de sim
Pra não me arrepender de novo.

Esses Meninos

Esses meninos me fazem ter saudades, saudades do que já fui, saudade de todo um mundo bom. Um mundo de tretas e zoeiras, de absurdos e brincadeiras, um mundo só nosso... onde a finalidade está no meio, e o meio está no estar. Às vezes eu não sei se estou sendo claro e faço sentido pra quem lê esse texto, mas esses meninos me entendem. Me entendem, me sacam, me abraçam quando eu estava precisando, me deixam só quando isso é tudo o que mais quero, me mandam um recado que eu estava esperando. É raro ter pessoas assim na sua vida, e na vida já dei azar de tudo, de jogo, de amor... Mas vocês não fazem idéia de como esses meninos compensam. Amizade é uma coisa estranha pra muita gente, pra nós ela é... natural. Como se ler os meus olhos, sorrir os meus sorrisos, gargalhar as minhas gargalhadas, abraçar meus abraços não fosse suficiente... Eles ainda são meus irmãos. Esses meninos me sabem. E eu sei cada um deles. E agente não se prende em preconceitos, não se prende em orgulhos, nós somos asa um dos outros. Eu sou asa desses meninos, eles são asa minha e isso pra mim é amizade. Que segura vento quando vai pousar, e bate forte quando decola, e ainda faz poesia, poesia que se compartilha, amor que se revela, dor que se divide. No meio de tanta confusão, no meio de tanta gente, no meio de tanta paz e tanto caos, agente prevalece. E se o tempo muda as coisas, agente muda também, por que agente aprendeu a lidar com o sentimento mais forte do que o amor e o ódio, agente aprendeu no desequilíbrio o equilíbrio de ser amigo, e se o tempo passa, agente prevalece. Se o tempo passa, eles são eternamente no meu coração... “esses meninos”.

quinta-feira, maio 10, 2007

A Resposta

Porque as estrelas são muito maiores que as suas mentiras,
Porque o sol aquece mais que seu abraço.
Minhas asas passam longe dos seus braços
Rumo a lua, que brilha mais que seus olhos...

Porque as estrelas são muito maiores que as suas mentiras
E eu dou risada, xingo, berro, suspiro, atuo, gargalho, deliro.
Me deito no campo de lírios, que me conforta mais que seu colo.
Porque o horizonte está menos distante do que sua sinceridade
Porque os montes verdes trazem mais paz que seu carinho.
Porque o vento acalma mais que sua voz

E todos os arrebóis que eu vi
E todos os mares que eu vi
E todas as chuvas que eu tomei
São mais belos que seu sorriso.

Eu te deixo querida,
Porque eu prefiro me deixar morrer pelos meus enganos,
Porque prefiro a incerteza do mundo,
Do que a certeza de que você estará ausente... mesmo tão aqui.
Minha sorte superou o passado e eu estou de frente,
De frente com a liberdade que eu roubei do mundo.

Eis as respostas pra todas as perguntas que você possa me fazer
Porque a vida...

A vida me apaixona mais do que seu beijo.

segunda-feira, maio 07, 2007

Música do Seu Dia

Eu te fiz uma canção,
Pra chegar calma a madrugada de uma meia-noite ruim,
Pela aurora linda pra toda uma madrugada solitária,
Pra amanhecer bem uma aurora nublada,
Pro meio-dia chegar com alegria a um amanhecer cansado,
Pra entardecer bonito um plano errado de meio-dia,
Pelo arrebol apaixonante pra toda uma tarde de tédio,
Pra anoitecer bem um arrebol melancólico,
Pra meia-noite chegar com sorte a um anoitecer errado,
Pra chegar calma a madrugada...

Eu te fiz uma canção,
Pra solução de algo que te fizesse mal
E se mesmo se não fizesse...
Te lembrasse do carinho, do cuidado
Que carrego por você.
Pro tempo te passar mais leve,
Pra que você me carregue em seu ouvido
E amanhã, quem sabe,
Você possa me cantar de volta.

(eu odeio esses meus poemas clichê.)

domingo, maio 06, 2007

O Passo da Minha Vida

Se na minha veia corre pura disritmia,
Se nos meus olhos corre a cor de todo o dia,
Se na minha ênfase corre a arrogância,
Se na minha sanidade corre uma avaria.

Se nos meus joelhos já correu a fraqueza,
Se no meu gesto corre a gentileza,
Se na minha mente corre o que já não estava,
Se no meu espelho corre a raiva,
Se nos meus dedos correram seus cabelos,
Se nos meus lábios correm tantos apelos,
E se nos meus braços corre a ira...

Se no meu abraço correm saudades,
Se na minha malícia correm maldades,
Se na minha alma correm sonhos,
Se na minha cabeça correm absurdos,
Se na minha certeza corre contradição,
Se na minha corre a sua mão,
Se na minha canção corre o azar,
Se na minha memória corre um voltar,
Se no meu coração corre a vida,
Se no meu estar corre uma saída,
E se no meu peito correm fogos de artifício...

Se minha vida corre a todo passo
e se a cada passo corre toda a minha vida,
Porque você me pede então
Pra caminharmos com calma
Já que a minha vida corre a todo passo
e a cada passo corre toda a minha vida?

quarta-feira, maio 02, 2007

Poema Bobo do Nó da Minha Vida

Na linha que pontilha na estrada, eu caminho.
Na linha maquiada dos seus olhos, eu me amarro.
Na linha do horizonte, eu dou um nó
Igual a linha do meu cadarço, que eu dou um laço
E acho que não caio de jeito nenhum...
Mas sempre caio...
Impressionante,
Sempre caio no horizonte,
Sempre caio no chão.

Na linha da vida, risco, rabisco, rasura é coisa que acontece.
Vida toda é rascunho, esboço, que nem linha de trem
Parece que ta toda errada, mas no final se souber qual é teu trilho
... Sempre se chega.

Você é então, minha estação.
E é também um pouco de linha de hífen
Que liga eu até você.
Que dá mais nó na minha garganta
Nó cego nos meus olhos,
E nos traços finos do seu rosto
No fio do seu cabelo...
Você é meu nó
Eu sou o seu...

E gente liga os pontos das estrelas
Fazendo desenho de inventar o que quiser.

Contanto que não seja só contorno, entende?
Linha às vezes é superfície demais, só pele e limite...
Linha nossa tem que ser profunda.
Diz menina, que linha tem seu coração?

Minha linha ninguém traça
Ninguém escreve e nem ultrapassa
Minha linha é regra pra ser quebrada
Quebrando a linha com imaginação.

Às vezes minha linha reta, entorta.
Minha linha torta, acerta.
Culpa sua,
A minha linha é problema, dilema.
Risco minha linha que vira letra,
Letra minha que vira poema.

Na Areia, Na Calçada, Na Varanda.

Algo mudou em mim, você transformou essa estrada no Caminho da Saudade, um pedaço do meu coração fica lá atrás mas meu sorriso me acompanha. Foi de repente assim, você me namora como se fosse sempre e como se fosse novo. Simples... Sorrir em silêncio beirando a água, um carinho no cabelo deitado no seu colo, você me completou numa mistura estranha. Carinho, nem tão louco quanto a paixão, nem tão profundo quanto o amor.. Lembra? A lua refletiu desejo nos nossos beijos, refletiu sua luz no mar, refletiu sua mão na minha e beleza nesse seu olhar... e meu Deus como você olha bonito. O contorno das nuvens fazendo a cena me tirar mais o fôlego, maldita sina dessa vida de amores de uns dias... A areia, a esteira, as garrafas de vinho, e nós dois jogados... de cara com o imenso do céu, com as gargalhadas de nossas coisas vãs, loucuras bestas e carinhos de “quase pra sempre”.

Pode gritar, o mundo inteiro é nosso, pode tudo... você vive meu sonho essa noite, canta minha música preferida, minha música preferida canta você. E você me encanta... Me conta dos seus medos, eu me abro pra você, nunca vi tanta sinceridade. O melhor é que, por mais que não pareça, agente mal se conhece e, por mais que não seja, parece que eu estava te procurando. Engraçado né?

A noite passa, e eu descobri que seu andar é de graça, seu olhar é de carinho, seu sussurro é do meu segredo, seu ouvir é do meu esconderijo. Me rouba e me leva pela mão. De onde vem essa menina? Ela está e é o que importa. Ela é meu agora, de frente pro mar.

E agente tanto conversa que eu até esqueci meu nome, quando bate a fome, me prometeu descongelar uma lasanha, hahahaha que vida estranha. No caminho pra casa eu desfilo sonhos meus e besteiras entre os seus sorrisos, meus planos, minha idéias tomam sua madrugada... e você, me toma a minha vida.
Você me balança só com os olhos, tão linda, tão simples, tão fácil essa nossa madrugada. De um momento pro outro você me dominou e foi naquela calçada no caminho pra casa que eu me encontrei e me perdi pra sempre. Na varanda, agente ri que nem babaca, são cócegas, gargalhadas como se a vida fosse só aqueles poucos metros quadrados. Vai amanhecer, e eu adorei a tua crítica, aceitei seu zelo, ri tua graça, vivi teu viver, engoli seu vazio, viajei no seu rabisco. Eu to indo... mas nessa despedida algo fica. Você me fez tão bem...

Na hora de ir embora eu te abraço de novo, só pra ter certeza de que nosso abraço se encaixa bem mesmo. E olha só, eu tava certo. Te deixei na varanda e quase não te largo, mas eu aprendi com você a fazer algumas coisas diferente... Um pedaço do meu coração fica e meu sorriso me acompanha. O seu sorriso me acompanha, o sol nasce, eu estou indo embora... mas só vejo você.

terça-feira, maio 01, 2007

Gerúndio

Ela é meu agora, não há nada de nós que está lá fora, é aqui dentro vivendo aqui do meu lado. Nesse minuto correndo, ela não tem antes nem depois. É ousadia viva, minha hora. Ela é meu agora. Surpresa acontecendo, roubando meu momento e meus olhares mais secretos. Um hoje que chegou e eu não quero que passe à toa, Um amanhã que na boa eu não quero que chegue. Afinal quantas certezas serão senão ela? Ela diz que me adora, nesse nem fim nem começo que me toma por inteiro. Sem querer ela virou tudo o que eu quis, meu instante de inconseqüência. Cada minuto é um minuto, nem um minuto porvir, nem um por passar. Ela chegou como uma coisa boa, e é meu agora... com o gostinho de que acabou de chegar, e não precisa ir embora.

Que nem achar uma nota no chão.
Que nem ver estrela cadente.
Que nem roubar um beijo.
Que nem chuva de verão.
Que nem ouvir uma piada boa.
Que nem reencontrar um velho amigo.
Que nem ganhar aquilo que queria...

Ela está, ela acontece
Ela está acontecendo
Ela é um presente...
É meu Gerúndio...

quinta-feira, abril 26, 2007

A Sorte de um Adeus

A Sorte de um Adeus Não há promessa, eu não vou ficar de qualquer jeito. Adeus e não me chame... eu nunca vou olhar pra trás. Eu to sempre partindo, entenda. Não é que ficar não valha a pena, mas o tempo é uma navalha que ninguém consegue segurar, que te corta e você nem percebe, o mundo conspira minha ida e eu nunca venço. Então se eu não me virar é por carinho a tudo o que já existiu e a toda nossa invenção. Se puder, por favor, quando for a hora, me vire suas costas também e siga o quando der pra frente, parta de mim... não deixe que seja eu, não deixe que não seja você. Se puder, por favor, me perdoe. Mas me perdoe sabendo que é melhor um adeus virar a graça de um até logo, do que um até logo virar o gosto amargo de um adeus... um adeus que não se deu. Tem sido assim, partindo da vida antes que ela me parta em pedaços. Partindo pra ela antes que ela consiga partir de mim. Eu to sempre me despedindo das coisas, quer queira, quer não. Minha despedida é inevitável. Há 18 anos e pouco me despedi da minha pureza, tinha sido minha primeira vez... Eu chorei e com razão: eu nunca mais ia conseguir parar. Me despedido do colo, da minha bondade, da vida fácil e da minha lancheira. Me despedi da minha fé e do meu uniforme da escola. Me despedido do apego a minha mãe e depois do afeto dela por mim. Me despedi de muitas vontades que outras vieram preencher. Vieram as dúvidas das quais me despedi muitas vezes , elas sempre vêm e sempre vão, assim como a sorte, a dor, a raiva e a alegria. Sempre um "olá" sempre um "até logo". Minha vida virou um eterno adeus, últimos olhares, últimas palavras, pessoas que eu achei que iam estar lá sempre comigo e lá estava eu... indo embora de novo, ou pior, elas indo embora de mim. Eu aprendi a ver algumas coisas passarem contra minha vontade, aprendi a lutar e ganhar, aprendi com tudo o que perdi, que sempre me saiu cedo ou tarde demais, sem previsão alguma sobre a volta. Mas veja, minha mensagem é aqui de carinho. Meu último abraço é forte, a despedida é uma sorte que não se menospreza. Às vezes a vida te rouba só, tanto já perdi sem poder dizer o que quer que fosse. A vida me roubou um irmão, a vida meu roubou um amor incontável. Senti uma dor impossível, um desespero inteiro, meu coração incompleto... dele eu nunca me despedi, eu nunca pude lembrar-lo quanto meu amor estava lá... acompanhando-o onde quer que fosse. Então entenda meu apelo, algumas partidas são pra sempre... Antônio, me partiu. E eu sou só uma parte. Ame meu adeus, e esse último abraço, ame sua vida e deixe que as pessoas saibam disso, deixe que as pessoas saibam o quanto você se importa, dedique se nisso de coração. Entenda a sorte que é a simples oportunidade... Minha vida está nessa despedida, trate a com carinho. Um beijo,

Adeus.

segunda-feira, abril 23, 2007

A Arma da Vida.

Mãos no gatilho. Estou condenando o errado com palavras incertas, seguindo os caminhos certos sem ligar pras setas, que podem estar bem mais piradas que nós, certo? Em mira todo tédio, todo dia sem graça, toda qualidade falsa, toda pessoa sem voz. Em punho nossa arma mais letal, po-e-si-a, contra todo vestígio de afasia. O tambor está carregado de esperança ira e idéias.
Se pros outros é difícil assim lidar com tanta diferença, isso agente tira de letra, e com essa letra monta poema, faz prosa, mistura mesmo, pinta um filme de cinema. Mais difícil é notar as pessoas consumidas pela indiferença do prazer da vida. Vinda e ida com tão pouco gosto.
Se Deus me deu a ironia, foi pra que eu pudesse colorir todo meu cinismo.
Se Deus me deu a poesia foi pra eu romantizar toda minha ironia.
Se Deus me deu a força foi pra que eu a escrevesse na poesia.
Se Deus me deu a os olhos foi porque eu devia ter força.
Se Deus escreveu o mundo, porque não daria olhos.
Se deus deu sede porque não beber o mundo?
Se Deus quisesse que eu bebesse sozinho porque me daria a sede?
Se Deus fosse o que seria da minha ironia se eu ficasse sozinho?
Afina, se Deus me deu a ironia foi pra que eu pudesse colorir... com elegância.

Dedicado a todos os poetas da cidade, e alguns amigos em particular.

sábado, abril 21, 2007

Você e Meu Juízo

Não sei onde perdi meu juízo, não lembro quando você chegou. Eu sei que às vezes eu falo mais do que devia, sou confiante demais. Mas por mais errado que eu seja foi você me virou do avesso de vez. Perdi a cabeça, perdi minha carteira de motorista, to dirigindo e não sei pra onde. Perdi meu rg, to inacabado, desconstruído, perdi a hora. Não tenho mais medidas, consciência, maldade. Sou um agora simples, de uma essência complexa. Me despedaça, sou o um pouco do que quer que você me faça. Sou chuva de granizo, sou uma calma em tempo de desprezo. Sou um recomeço do que não acabou. Entende? Culpa da sua contradição, e seu cheiro bom. Seu jeito imperfeito de me conquistar, seu sorriso bonito de despertar meu incompleto. Sou uma mistura do medo de cair com a vontade de voar, sou explícito. Uma vontade de te abraçar e de te deixar só. Vontade de te fazer perder linha e virar um nó em você. Vontade de acabar com o teu tédio, sua certeza, seu controle. Vontade de te abandonar. Tudo tão intenso que eu nem entendo. Sou só um sorriso vivendo confusão, indecisão. Sou saudade correndo dentro do peito, e uma loucura que não se controla. Eu to perdido acredite ou não. Não é só porque eu olho certo pro lado que eu to seguindo é porque eu sei pra onde to indo. Meu mundo virou o inesperado, eu não sei onde perdi o meu juízo. Não me lembro. Não me lembro quando você chegou, mas por favor... não vá embora.

O Poder do Silêncio

Abaixa o som, abaixa até você se ouvir. Ta se ouvindo? O que você se diria? Um dia quando você era pequeno te levaram o silêncio, e a partir daí não era mais suas as melhores palavras que você poderia dizer. Um ruído existe todo dia, e você nem nota... estão todos surdos de si, mas ninguém está em silêncio, o mundo nunca fica quieto. O poder do silêncio é poder de clareza. Atento aos seus pensamentos, seus sentires, seu conhecer de verdade.

Quem riscou a linha do horizonte? Não sei. Mas quem o fez e pôs longe o bastante pra que não pudesse ser ouvido esse alguém sabia o que estava fazendo. Porque agente sempre busca a plenitude de um horizonte presente, uma alcançar impossível, um desacordo entre o sonho e a luta. E não importa quantos passos...

Consegue se ouvir? Tua voz mais bela... Se ela só vive no silêncio, quase em segredo, e esse é em plenitude paz, então pra ter paz é preciso se ouvir.

A inquietude aqui dentro faz todo dia eu manter os olhos longe imaginando uma paz que nunca vai ser minha. Que sempre vai ser linha de horizonte.... longe.

quarta-feira, abril 18, 2007

Como Assim?

Como se a vida fosse um enigma, eu procurei explicação pros meus sentimentos. Como se pudesse traduzir minha alegria, minha solidão... Como se fizesse sentido, eu procurei alguém que me ensinasse, equacionasse, equalizasse meu coração. Pra que eu soasse são, porque só assim são todos. Pra que eu soasse contente com as respostas das minhas perguntas descontentes.
As palavras escorrem na tinha minha questão, uma não-solução pros meus problemas. Começa a chover e isso me abala, o que é que tem nessa água? O que é que tem nessa felicidade que ela nunca me preenche e fica? O que é que tem nessa menina que ela me consome? O que é que tem minhas memórias que elas me prendem? Como se o mundo fosse um labirinto eu procurei um norte. Com a morte como uma estrada e a acomodação um atalho, eu decidi procurar explicações em dicionários, enciclopédias, sites de busca. Como se a simplicidade da dúvida satisfizesse qualquer sentimento. Como se entender o vazio o fizesse sumir...

Como se o amor fosse feito de palavras.

...Ela Não Me Entende

Não me entende. Não me entende, mas me diverte, me faz rir que nem bobo. Nem uma frase minha tem sentido, mas contanto que você continue com seu sorriso eu não faço questão nenhuma de não parecer maluco. Será que você enxerga pelo menos o sentido dos meus olhares? Porque têm sentido meus abraços e isso nenhuma palavra escreve. Eu quero te saber, eu quero te sorrir, quero te acreditar... não parece coeso? É... Meu único compromisso é ter concordância, do seu carinho com o meu, o meu carinho com o seu. Você faz cócegas na minha cabeça toda noite, fico pensando o que te dizer, pra que você não me entenda de um jeito que te traga pra mais perto. Você me dá um beliscão no coração, fico pensando o que fazer pra deixar mais claro... e nunca tenho certeza. Como eu posso explicar... te ver é ter uma falha no tempo, uns segundos ausentes, falta o fôlego. Eu só quero te tirar pra dançar comigo, eu só quero te tirar daqui, te mostrar que por hoje... por hoje eu gosto muito de você e mais um pouco... mais um pouco você me deixa apaixonado. Entende?
... Ela não me entende.

sábado, abril 14, 2007

Meu Verbo

Me respira, seu cheiro.
Me dança, seu passo.
Me mostra, seu rosto.
Me perde, sua dúvida.
Me encontra, sua solução.
Me esquece, sua memória.
Me prova, seu gosto.
Me canta, sua voz.
Me prende, sua segurança.
Me balança, seu olhar.
Me venta, seu suspirar.
Me amanhece, sua chegada.
Me ausenta, seu silêncio.
Me enlouquece, seu vestido.
Me guarda, sua chuva.
Me abraça, seu beijo.
Me parte, seu partir.
Me beija, seu abraço.

Meu verbo, você.

sexta-feira, abril 13, 2007

Minha Voz é Letra.

Comigo mesmo
Fala a cabeça a esmo,
Fala o peito adentro,
Fala pés pra frente,
Fala sorriso ausente.
Falo bonito, ousado.
Se não o fizesse qual o sentido?
De falar os dedos na página,
De falar no ouvido, mágica.

Sem adorno na forma,
Meu silêncio se conforma,
E eu tenho voz...

domingo, abril 08, 2007

Eu, hífen de mim.

Se eu vou pra além, vou mar.
Se eu vou arranhar, vou céu.
Se eu banho, eu Maria.
Se eu bato, eu bola, eu boca, eu papo.
Eu nunca sei de que lado eu to.

Se for bem, te vi porque é assim... me quer que eu sei.
Se for bom, dia!
For boa, é noite, tarde... hahaha madrugada.
Contanto que me seja suficiente.

Se eu vou botar, vou fora.
Se vou guardar, vou chuva.
Posso civil, posso louça, posso noturno
Contanto que seja composto.

Pára tudo, choques, lamas, quedas,
Com o meu pé, de moleque, de valsa
Porque se tem porta, minha voz
É pra dizer que se nasci sem algo, foi vergonha
Porque sempre tudo vira na minha vida, minha lata,
Minha quebra, minha cabeça.

É disso que sou feito, um monte ações
Que me separam de mim, com hífen ou não,
Com minhas contradições de menino.

quinta-feira, abril 05, 2007

O Buraco da Minha Tolice

Desencana, é tolice minha. Eu não estou incompleto, incompleto eu seria se não tivesse um vazio. Se eu te incomodo essa noite, te falando esse monte de coisas absurdas é por que eu tenho muito o que tentar, tenho tantas outras a não conseguir. Porque se eu tenho uma certeza nesse mundo é que o vazio pertence. Como se agente lutasse a vida inteira pra buscar um buraco dentro de si, ou o contrário... eu não sei. As pessoas das quais falo são pessoas com a cabeça no lugar, e o coração longe... longe de estar a salvo. Porque afinal, quem quer ser salvo aqui? As pessoas querem perigo, as pessoas querem o seu não-continuar. Assim: se você só continua, as coisas perdem a graça, se você continua não-continuando você provavelmente vai ta mudando algo, como se sua rotina fosse um quebra cabeça, e claro... sem uma peça. Porque se toda peça estiver certinha e você acabar de montar o quadro da sua vida, sua missão está cumprida e você não tem porque viver. Imagina, teu quadro do teu quebra cabeça com aquela peça que ninguém acha, é uma porta... pra que você possa imaginar as cores do que te falta, que mudança pode existir ali. Existem claro as pessoas que não se incomodam com a estagnação, pra mim aceitar o fim é pior que a morte. Viver morto sempre vai ser muito pior do que morrer vivendo. Claro que todo mundo morre vivendo, mas a vida que eu to falando é a vida intensa, do jeito que deve ser. Por isso eu me descontinuo, me desencontro... não é um modo de fugir, pra fugir não é preciso coragem, mas sim um modo de tentar achar, eu perdido no meio do meu buraco. Ou ainda achar um buraco perdido no meio de mim, pra que eu possa assim ser feliz, incompleto e cheio do que viver. Talvez seja só criatividade minha, mas criatividade é pincel e tinta, pra eu poder brincar de tirar peça e pintar e ser sempre na essência o mesmo menino que minha mãe levou no parque, e o mesmo menino que minha mãe diz: “esse não tem jeito, graças a Deus.”. Porque afinal nenhuma peça existe sem amor, amor de mãe, amor de menina. Amor é uma parede pra pendurar seu quadro. Um espaço pra caber sua vida e pregar uma história.

terça-feira, abril 03, 2007

Que nem criança.

Você me faz ficar estranho. Me faz pensar em coisas maiores que minha cabeça... faz com que eu esqueça e fale coisas sentido, outras coisas que eu não deveria. Você me faz ser sincero, sincero demais não acha? Faz com que eu pire muito além de qualquer exagero, faz alegria, me deixa bobo. Me faz sentir vergonha, faço coisas que eu não entendo e a culpa é sua. Você deixa minha alma tonta. Você fez uma bagunça no meu coração. E me faz falta. Palavras saltam da minha boca e eu me sinto um idiota. Sou um livre perdido, menino desentendido... que pede pra ficar e faz birra, chantageia, finge que chora. Que nem criança... Você na minha vida é um embaraço, que nem esse do meu cadarço... que eu nunca aprendi a dar nó. Só você pra me dar um nó, e eu não quero sair. Eu não quero sair. Você me fez dançar sozinho e eu nunca danço... vê? Você me desconcerta, me desacerta... e eu amo ser errado assim perto de você.

segunda-feira, abril 02, 2007

Bijuteria Barata

As ruas sem você, são só ruas. São passos calados e faixas sem graça. Sem você o que seria das janelas? Elas já não me mostrariam as cores de horizontes lá fora. Talvez fossem só placas de vidro, pra embaçar no inverno, sem imagem, sem juízo, sem valor. As tardes sem você são só tardes. Dia-a-dia sem nenhuma confusão, rotina de carros passando, os cigarros queimando, passos passando... fumaça e mais nada. É tempo agüentando em silêncio. A lua sem você, é só a lua. Uma esmola vagabunda. Bijuteria barata feita no relaxo. Um monte de terra que voa e me incomoda toda noite. Toda noite é só sinal que já passou da hora. Ta tarde pra fazer o dia valer a pena. A vida sem embaraço, só um nó na garganta, sem seu sorriso desconcertante é só água com açúcar. Pra preencher buraco com falta de profundeza, sombra com falta de sol. Madrugadas feitas só de madrugadas escrevem sua falta. Insensíveis, de prédios, metrô. Frio que entorpece sem poesia, freio, só desalento. Não há nada que me convença, que o caminho sem teu desalinho não seja um atalho errado, um desvio certo pra longe. Um vazio de tudo, quase branco. Cheio de um monte de nada.

Sua Página, Minha Tinta Guache.

A vida é uma história que se escreve a caneta. Às vezes vida é folha sem linha, de desenhar em entrelinhas e apagar o branco do papel. No papel às vezes agente vê poesia escrita que ninguém escreveu, só pra marcar no branco uma linha que ninguém fez, mas deixar claro que tudo ficou bem mais bonito. E que seja assim, que agente romantize certo por linhas tortas, ou mesmo que agente entorte romanticamente toda linha pra que o mundo dê certo, e que agente possa colorir nossa passagem aqui com cores de infinito. A vida é letra que nenhuma rasura conserta. Então cuidado ao soletrar teu descaso com o vocabulário por aí, porque às vezes durante uns pedaços da vida, palavras é tudo que você tem. É tudo o que você pode deixar.

Se Eu Sou Assim

Se eu sou leviano, é porque a vida é leve e ninguém notou. Porque eu dei um passo que ninguém ousaria. Mas deveria... Se eu sou vagabundo, é porque o mundo é um bordel. E todas as mães são putas e todos os filhos bastardos. Se eu sou vagabundo, vê? É porque a vida é vazia o suficiente pra que eu me dê o luxo da minha ausência. Se eu sou cafageste, é porque as pessoas não sabem o que dizem, não sabem do que vivem mas eu sei. Todo dia o desejo te levanta e te faz deitar. A única diferença é que meu desejo, é de desejar. Minha paixão é por apaixonar. Meu amor é por amar. Se eu sou repetitivo, é porque todo dia você nota tuas manias mas reflete tua frustação em mim, que não sabe usar o vocabulário. Se eu sou um perdido, é porque você não sabe o que é direção, não faz idéia da diferença entre seguir, e ser induzido. Se eu sou evasivo, é porque eu sei exatamente o que não deveria estar fazendo e, claro, sou cínico pra caramba.

Mais Longe do Chão

Faz tempo que o tempo já não passa do mesmo jeito. Eu cresci, o chão ta mais distante da minha cabeça, talvez o céu um pouco mais perto de mim. Mas mesmo assim eu não poderia dizer com toda certeza que eu estou grande, ou maduro o suficiente. Tantas noites, as mesmas incertezas, os mesmo dilemas. De repente eu sou de novo o mesmo menino loirinho, que ria de qualquer besteira, que tinha medo de jacaré e gostava de comer caquinha do nariz. Ou ainda um garoto com espinhas na testa, cheio de paixões impossíveis e sonhos de carros e casamento. Tantos dias e ainda minhas alegrias estão escondidas nas chuvas, na rua, nas rimas. O tempo brinca comigo de pega-pega, esconde-esconde e eu sempre to perdendo, ele ta sempre me escorrendo pelos dedos, e às vezes sinceramente fico bravo, quase desisto de jogar. Quanto mais velho eu fico mais eu sinto saudade. Mais eu vivo um passado bem mais bonito.Desde de pequeno eu aprendi que devia crescer e ter maturidade pra lidar com os meus excessos, meus desesperos. Mas se é nesses momentos que eu tenho presente em mim toda a sinceridade que posso, porque, se a maturidade é algo tão bom, o caminho que me faria tão maduro soa tão falso? Eu nunca aprendi a lidar com meus sentimentos e, pra dar um nó na minha cabeça grande, eu não aprendi a mentir assim. Será que um dia eu ainda consigo? Eu sempre fui sincero e irresponsável, mas estou bem. Será que um dia eu consigo? Porque meu pai chora, e minha mãe também, eles ficam loucos de raiva e resmungam quando dormem, tudo isso... escondido. Então quem ta mais certo? O que é menos errado? Esse possa parecer um texto super infantil mas a verdade é seguinte: ninguém está pronto o suficiente pra ser tão adulto quanto pretende.

Vestido Verde

Eu invento você em um vestido verde, não sei porque toda minha lembrança sua tem uma cor verde de esperança. Se não é você é o mar, se não é o mar são as montanhas lá atrás, uma pássarinha beija-flor, diferentes tons pra escrever você em mim. Você voou pra longe, foi um golpe pra minha verdade e pros meus sonhos, mas mesmo assim, você nunca vai estar tão longe de mim, o mundo nunca vai ser maior do que meu carinho por você. Sempre vai ter um pouco do seu sorriso no meu silêncio, um pouco daquele canto que ninguém via, de conversas infinitas de besteiras, de sentimentos... na minha memória. sempre... você pra mim já é pra sempre. Você pode até acreditar em destino e me dizer que era assim que devia acontecer. Mas lembra? Agente não podia estar tão errado, seu sorriso encaixava na minha graça, seu beijo encaixava no meu, agente se encaixava fácil assim. Fácil como manhãs de domingo. Seu beijo foi semente abandonada, que a natureza tomou conta, tempos e meses e hoje eu sou fruto dessa inconsequência. Uma linda inconsequência. São milhares de quilometros lá fora, são milhas de saudade aqui dentro. Mas você nunca vai estar tão longe de mim. E eu vou te lembrar quando você menos querer, quando as estrelas te encomodarem, a madrugada não te deixar dormir serei eu invadindo a sua cabeça. Em todo seu esquecimento vai ter um vazio de mim, em todo seu recordar vai ter a falta que eu faço. Dia-a-dia, minhas semanas, conto os anos em segredo, dedicando textos pra você sem querer. Quando eu acho que estou pensando em outra coisa, é você a menina das minhas letras. É você, vestida de verde... que era de esperança. Agora é tão saudade...

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Há Luz

Há Luz no fim do túnel.
Há Luz no fim do trilho.
Há Luz no fim do sonho, e no começo.
Há Luz no avesso de todo inferno.
Há Luz no balanço de berço, dos trens pra São Paulo.

Há Luz no fim do terço, na sua fé.

Dá Luz a todo começo,
A Luz do sol de manhã cedo.
No fim a lua é Luz de toda noite
E no meio, você é minha luz de toda tarde
Toda minha madrugada.

Há Luz entre o Brás e a Barra Funda.
A Luz, do centro pra todo lugar.
Há luz na ponta dos cigarros,
Ao longo da ponte,
No alto do poste.
Há luz entre os poucos sorrisos dessa estação.

Há Luz em toda primavera,
Em todo outono.

Há Luz na bunda do vagalume,
Na asa da borboleta,
No canto da cigarra,
Nos olhos de libélula.

Há Luz no final de cada ano,
Com comemoração ou alívio.
A Luz dos fogos de artifício
É Luz das Paixões anoitecidas,
É Luz de estrelas em noite limpa.

A luz do seus olhos,
Deu luz a minhas idéias,
Essa que me floresce,
Que faz faísca, faz clareza,
Reside em toda alma.
Há luz na palma de toda mão
Mais em mim ela floresce, inspiração.

Há luz no fim, crianças
E veja, se a única certeza de tudo é o fim
Minha final certeza é que em tudo há luz.