quinta-feira, dezembro 13, 2007

Aspirina.

Nem que me gastem os punhos,
Nem que me custem os braços,
E dentes e bolsos e sonhos e amassos...
E amassos...

Nem que me levem amores,
E amoras e horas e letras.

Nem que cortem os risos e choros.
Nem que parem todas as batidas do meu coração.

Nem que me passem ventanias, noites,
Medos e metáforas.
Nem que me parem tantos agoras,
E tantos lá-foras e tanto desejar.

Nem que desvendem todas as promessas e decepções
Nem que eu dê toda a minha garra.
Toda a minha alvorada.

Que levem minha juventude,
Que levem meu ideal de plenitude,
Meu descompasso, meu descaso, meu senão,
Leve também meu desequilíbrio, essa tonteira boa.
Ah! Minha sorte, que leve ela toda.
Pra ela eu tenho força.

Nem que custe tanto, nem que custe quase tudo.
Vou levar no fundo da minha alma,
Na palma da minha mão,
Bem à flor-da-minha-pele
Essa menina do olhar de mar,
Beijo de garoa.

Que chegou como toxina,
Virou vida e sina.
Virou antes e então.
Fogos de artifício
À vista de um balão.

Essa menina
Virou tudo e mais um pouco
Minha razão de estar louco
Minha dor de cabeça,
Um copo com água e aspirina.