quarta-feira, dezembro 23, 2009

O lado de cá.

Os dois lados do coração de Yuri Braga.
Um que bombeia para o pulmão uma questão, uma engenharia de gente, para a inspiração preencher a cabeça. O outro que que joga a bomba para o corpo por artérias, nuvens e avenidas. Sangue. Impuro, forte e corrente, como um trovão interno.
O lado de cá, o lado de lá. Di-visão.
Trocando de lugar, perdidos, rodando no peito. Diferentemente únicos. Completamente dependentes...
Mas nunca se entendem.

Esse é o que seria o meu "About" no meu novo blog. http://yuribraga.wordpress.com
Chega lá.

terça-feira, dezembro 22, 2009

É de graça.

A tolice é a loucura que não perdeu sua graciosidade.
To querendo postar no wordpress. http://yuribraga.wordpress.com

O que vocês acham?

Roubaram minha poesia (ou Bondade é para Quem Consegue).

Que minha força se mantenha
Pelo tempo -
Rude, caótico, ensurdecedor.
E que nunca deixe falhar a minha gentileza.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Mundo da Caixa.

Não há porque ser compacto.
O mundo pede expansão. Pelas ruas, ou mesmo nos transportes públicos há folhas demais.
Tão grande...

Não há pressão em lugar algum a não ser dentro desses seres pequenos de nós.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Sempre

Eu só tenho agora.

Liberdade entre os Dedos.

A liberdade é como aquela coceirinha boa.
Que coça o suficiente para continuar coçando.
Aquilo que inscientemente você busca mas não quer encontrar.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Num moldura.

A verdadeira alegria merecia uma moldura.
Que não prendesse e nem enquadrasse nem por um minuto.

Vaidade.

A vaidade é um troféu de latão que se coloca em todas as salas.

Kindless

Gentileza é a educação brincando com a bondade.

domingo, dezembro 13, 2009

A Pauta.

Desconfiado, calado, incerto, louco, seco, contente, imaginativo, ansioso, caloroso, prático, forte, falante, precioso, com medo do branco, com amor ao branco, incomodado, cansado, vivo, babaca, frio, indefeso, inconstante, desregulado, limpo, bondoso, sabendo e desejando.

Eu estou conseguindo virar as páginas.

sábado, dezembro 12, 2009

A Ponta.

Discutia sobre o sim e o não
E o mundo continuava infinito.


Toda parte, parte toda.
Os erros, as dores,
As maravilhas e os sonhos.

Fantásticos e verdadeiros.

.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Onde é a Frente?

Senão a coragem dos primeiros.
A tendência de quem não sabe.
A Liberdade.

O lado que desmaio todo dia,
Aonde a velocidade leva com alegria.

O caminho
Das asas,
Do trem,
Do menor passo.

De onde vem a inspiração,
E a bala que mata.

Como a chuva que vem
Contra o silêncio e o estado imutável,
Contra o exército do desconhecido,
Às suas armas e salas de estar.

De onde vem toda a mentira,
De onde se constrói a verdade e a maldade.

Lá onde chega a luz do olhar com uma causa.

E a saudade da sua família
E de 5 anos atrás
E depois outros 5.

Onde se desbrava tudo, até a calmaria.
A entrada em que se pode sair.
O lado que eu não consigo (simplesmente) ir.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Difícil Comandante.

É melhor dizer o óbvio
Para não ver o improvável dando as ordens.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

O Preso do Rastelo

Carrego a minha enxada, com a pá virada pra baixo, arrastando no chão.
Não que esteja cansado (não que não esteja).
Eu só gosto de ver o caminho rasgado.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Pela Manhã, Todo Dia.

Desperta-dor.

Poemas sem Luz.

Perdi algo no caminho. Talento não era, nunca tive – a caneta só pega no tranco, o amor nunca bateu à porta, nunca dei sorte. Nunca mais dormi, mas não é por causa disso, isso é mais uma conseqüência. É que esqueci como se sonha. Noites vazias de assistir a madrugada, aquele silêncio. Num jogo que não se ganha, eu perdi algo.

Como um soldado sem general, estou batendo por aí, mas esqueci qual é meu ideal. Só conheço o momento da intuição de certo e errado, uma força desconhecida faz a sua parte. Nem sempre faço o certo, mas sempre é a ferro e fogo.

Há tanto tempo vivendo e combatendo, eu e meus demônios, acabei me tornando um pouco deles. Eles viraram um pouco de mim. Sou como a tempestade, que piora muito antes de melhorar. Sou calmaria.

Cavei tanto na terra para plantar minhas flores.

...
Aquela terra que entra embaixo da unha. E nunca sai.
Isso sou eu.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Alegre e Triste.

Tem um homem que corre. Um homem que corre à minha frente. Ele tem olhos cor de cobra-coral, com um ruído no ouvido, na voz que fala. Eu sigo esse rapaz. Porque ele não se perde, ele está. Onde quer que seja, sendo. Ele é mais dono de mim, mais me fascina, mais me joga. Pro chão, pra todos os lados e pro vento. Porque não tem um motor no peito, mas uma granada que explode. É essa sua combustão - jogando pro alto tudo o que deve.Inclusive eu. E fogos de artifício e aviõezinhos de papel. Ele tem a cor da minha alma, com a minha altura e o dobro da minha coragem. A gente não se encontra sempre, mas sempre que acontece, é um tropeço na minha conduta, de distorção de liberdade. Fulge. Manifesto. Se interessa muito fácil e muito raro perde o carinho. Anda desregulado, com o riso no lugar da boca. Vem com a chuva e sempre vai embora.

Um outro de mim corre. À minha frente. E é meu eu dos sentidos e sentimentos, é intenso, vívido e está à solta. Na nova saga da minha vida e do eu que resta.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Brado.

Uma alma não pode ficar calada, senão ela muda.
Almas são feitas de gritos ensurdecedores. Do centro - Bruto, duro, vivo e indisciplinável.  Gritos que dão cor ao ouro, da essência antes da essência, desses que fazem desmaiar sem fôlego.
Se ficar a dor chega, sempre chega. E fica e transforma. É preciso viajar, uma alma precisa viajar em outros milhares de olhares, milhões de corações e centenas de cenas. Uma alma precisa da melhor falta e do pior excesso, senão a alma vira corpo e jaula. 

quinta-feira, novembro 26, 2009

Garganta.

Não falava. Era capaz, mas sabia que não devia.
Tinha uma granada sem trava prisioneira na garganta.

De raiva.

Um só som e... a Revolução não seria dessas bonitas de se ver.

A Terra.

A cor desses olhos é da cor da terra. Mancham minhas roupas e minhas idéias. Com todos os seus pecados e sua benevolência. Marrom e ainda azul, azul e ainda cinza, cinza e ainda linda, com esses olhos cor da terra. Olhar de além. Desses que mancham pra sempre. Marca e me diz: "Esse aqui é o único lugar do mundo. Todo momento é o fim e o início do seu precipício".

Vontade de levá-la até onde ninguém mais conhece. Num dos quatro cantos. Onde toda noite chove na calha, e toda manhã, pra te acordar, café na cama. E não há pressa, nem presa. Há só a vontade de fingir que somos tão, tão livres, que o resto do mundo não existe, ou é todo nosso. Esse mundo é todo nosso. Vontade de fingir que somos só eu, você, a janela, e a terra toda nos seus olhos.

terça-feira, novembro 24, 2009

Não é Pedir Demais.

Dois segredos, um de cada lado, duas histórias diferentes, um nó entre as minhas orelhas. Seu jeitinho de "quero ficar" quando está por perto. E nunca fica. Você todo dia me convence de algo novo e todo dia me mostra que estou errado. Parece uma piada sua, interna. Me faz de bobo... logo eu! Dança na palma da minha mão e como a chuva, como o tempo, como a certeza , escapa no vão dos meus dedos. Você é como a inspiração, que me bate, e foge de madrugada. Como a frase perfeita, perfeita, perfeita, que perde o seu momento. Ah, sentir assim é tão raro...

Entenda que eu não quero muita coisa.
No meu peito não há o prisão - a vida é muito grande. É preciso viver as menores coisas e, claro, as maiores. Entre meus pormenores e minhas manias de grandeza, eu só queria escrever um verso que alcançasse você.

terça-feira, novembro 17, 2009

No Banho, a Diferença.

O coração dela era de sabonete, o meu era de esponja.
Quando a gente se encontrava era espuma para todo lado.

Mas ela escorregava
E eu absorvia.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Verão.

Ela é a melhor sensação de todas.

Aquela delícia de chuva que cai depois de uma tarde quente e abafada.
Que alaga o sorriso,
Ela é como respirar novamente.

Ela é aquela culpa boa por estar na rua, por molhar toda a roupa,
Mas lavar a alma.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Outona

Se eu te comparo a um dia de outono,
É porque você é fria e ainda assim confortável.
É porque você é como as folhas que caem:
Leves e lindas
E secas.

É porque os dias de outono são longos e invencíveis dentro de mim.
Não há linhas exceto o exceto,
E o tempo dessa eterna estação.
Amável e ainda assim não-amada.

A não ser por mim.


Eu sei que estou versando na estação errada.

Faltante

O verso é a catacrese para a alma.

Ampliação.

Todo verso é uma paráfrase própria.

Grande Coisa.

Eu quis fazer uma flor de papel pra menina dos olhos de vidraça. Menina a personalidade de brasa, que me reconhece e me faz perder a linha. E eu que achei que os livros se terminavam com tanta pressa, quando os melhores livros são tão maiores que as páginas. Há o sol, há o início e há a madrugada. Brindo com a lua sentado na praça, encarar essa menina é escrever achando graça a minha carta de suicídio. Eu dou risada da situação com minha caneta na mão, assinando com leveza. Não há conflito, meu sim e meu não se beijam indiscretamente, na sua frente.
Me enrolo com as palavras, mas não há conflito, foi só um verso que eu deixei calar e perder pelo caminho.

Eu quis te fazer uma flor de papel.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Sobre o nada.

Todo tudo tem tanto todo quanto quase.

Dialogando

- Eu não agüento mais você. Eu não quero mais as suas ameaças.
- Isso não é uma ameaça, isso é a verdade. Na ameaça cabe o blefe, à verdade só cabe acontecer. Isso significa que eu já puxei o gatilho, só falta você apontar pra onde.

terça-feira, novembro 10, 2009

- Vai um óleo aí?

O coração é um motor possante, com turbo e nitroglicerina. Valvulado, engrenado, pronto pra quebrar de tanto acelerar a cada momento. Em choque, overdose, fumaça, poluição e asfalto.

Íntimo engenho.
Um quadro feio de se ver,
E lindo de se viver.

A cena era a mesma. Mexi na iluminação e não era, mas parecia um novo ângulo.

Minha vida fica cada vez mais cinematográfica. Atrizes com pouco talento e beleza de sobra. Uma trilha sonora inesquecível, takes de vertigens e loucuras impossíveis. Cenários e cenários. O mundo cabe numa tela e eu já assisti e atuei, nas chuvas mais felizes e nas tardes ensolaradas mais tristes. Elas eram os mesmos dias... Os mesmos.

Na verdade o que muda o filme todo dia, é que como faço a minha própria fotografia.

terça-feira, novembro 03, 2009

Força Minha.

Não haverá mais escrúpulo, minha vontade é feita de ferro. Vou ser casa que mesmo sem teto, tem alicerce maciço. Vai chover, eu sei, mas valerá a força minha. Imenso, batido. Não haverá dedicação, haverá a pureza do choque - poemas não feitos de pontuação. Eu nunca soube usar vírgula e quando enfim consegui, descobri que é preciso desaprender tudo, sempre. Por isso, serei intuição e esquecimento, força do coração e fé dos braços, um sinal de inércia, um buraco vago de rotinas. Não haverá escrúpulo, nem alva, nem crepúsculo. Estou partindo para desescrever os meus dias.

Ah...

A saudade é uma maratona.

quinta-feira, outubro 29, 2009

O Maior Erro do Mundo.

Fui errar de propósito e acertei sem querer.

quarta-feira, outubro 28, 2009

A memória de Amélia.

Um homem segue, é noite, é só, é tudo o que deveria ser. Segue o quanto cabe nos passos, carregando o mundo na cabeça e a chuva nas costas. Os postes iluminam as ruas já molhadas, reflexo, e o asfalto parece feito de ouro. Ele sabe: nós todos lutaremos e amaremos e nos perderemos. E o tempo levará tudo o que há de mais precioso na nossa vida. O tempo levará. Nossa vida. Aos bravos e bondosos não sobrará muito além de um senso de justiça ridícula, irônica, irreal. Deus estará na chuva e o Inferno no asfalto e no ouro e no outro, no chão de todo chão.
Não há coração, há somente o batimento, um tapa na cara, a ilusão do firmamento e a dor do esquecimento.



Minha vó lembra de cor aniversário de filhos, netos, bisnetos, dias de santos, datas e nomes e situações. Minha vó lembra meu nome.
Minha vó lembrava.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Terceiro Texto

(Sobre o moleskine)

Como uma vez afirmei, irei mudar e encher esse bege de paz de azul de compactor. Pesar essas folhas de tinta e transformá-las em meu tijolo pessoal afim de quebrar minhas janelas e todos os tetos de vidro de meus vizinhos. Derrubar o muro dos meus dias, com um só tijolo - mais forte e intenso. Inspirar o ar e prendê-lo no peito até quando não der mais, pra que minha expiração seja tão boa quanto a sensação inspiradora. Uma vez disse e aqui repito: não haverá espaço em branco. Não haverá, e assim serão meus dias.

O Segundo Texto

As cores que você vê,
São as cores que você carrega.

"É necessário voltar ao começo"

"Quando os caminhos se confundem é necessário voltar ao começo"

Já dizia o rapper e fui fuçar o meu moleskine. Ele nem é tão antigo assim, mas achei isso lá. Gostei de ler e tal, é o primeiro texto:

Ainda há voz Clarice, então há de arder meu direito incessantemente na audição dos quem têm ouvido, dos que têm ouvidos... Minha rasura de vida é tinta, que ainda preenche os vazios de não-viver.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Pulsante.

Ele é um lustre em queda, bonito e não vale um tostão. É vermelho e cinza de ferro e fogo. Ele é aquele excesso que faz imaginar as coisas diferentes, um poço de sonhos e moedas de mais valor. Versão autêntica, irreplicável e eu escrevo para lembrar. Inatingível. Explosivo, erosivo, urge e ruge, forte e breve, inaplicável no mundo real. Inaplicável e ainda assim...

Eu escrevo para lembrar que tenho um coração. Lindo e denso e ridículo, bate forte em minhas veias. Com violência, mérito e sangue. Bate tinta, confuso, é humano demais. Sua textura é de dor, garra, zelo e esquecimento. Ele é indefeso, errado, louco e bravo. Rústico, plural e leve.

É de concreto, névoa, acúmulos e horizontes montes. Sabe o que é estar no chão, estar no céu, estar transparente, estar em lugar algum, estar em outros corações tantos, outros tantos deslugares e aqui no meu peito.

E eu escrevo para lembrar
que ele
Existe.

Um abraço pro André.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Beira

Eu sou o beiral,
Suicída tomando coragem
Margem do rio que corre.
O parapeito,
Que não pára o meu peito.

Esse monte de sentimento
aqui dentro
Parece uma favela
Um a um e aos montes
Criando moradia.

Eu sou o beiral,
Essa madrugada,
Essa linha traçada,
Essa inércia,
Esse choque de duas guerras,
Entre lá e cá.

O canto maquiado dos olhos dela
O que divide minha casa e o céu e a praça.
- a janela.

Nem na rua, nem em casa
Vivo andando e sujando o dedo nas cercas e vitrines.
Vitrines.
No muro que exprime
A prisão do medo,
O protesto do bravo.

Atravesso o cemitério para ir trabalhar.
No caminho
(Nem cheguei, nem saí)
Nem estou vivo, nem estou morto -
Coma.

Nem o excesso daqui de dentro,
Nem a falta de lá de fora.

Eu sou o beiral,
O espaço
Entre os passos,
Nem réplica, nem ouro.
Farto e falto.
Marcante e Ausente.
Na crista, no topo, na terra.
A parte que arde,
Do fogo.
A fresta que refresca
Do vento.
A Flor da flor
Da pele.

sábado, setembro 19, 2009

Onde Foi que Eu Me Perdi?

Loucos de tristeza são loucos de mostrar tanta alegria pelas ruas. Rindo indiscretamente sua mente perdida.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Ela Precisava de Alguém para Amar.

Ela precisava de alguém para amar. Fez o que pôde, inventou o amor do seu jeito, como se a idéia de fôlego a fizesse respirar. Na verdade nunca teve certeza - queria ver o sol e o mar, queria deitar no campo e ver as estrelas, queria mais tempo mas queria o amanhã incessantemente. Estava só, era linda e só e mais. Olhava de sua janela, via todas as cores, incríveis e intensas, a luz era daquelas de se acreditar em Deus. De acreditar em tudo. E acreditava que precisava de alguém para amar. Ainda acredita, não quer ver que as cores e a luz lá fora saem de seus olhos. Próprios olhos. Não quer a verdade, não quer ninguém, quer as cores e a visão que tem do mundo a fazendo querer querer alguém.

Eu sou o mar desse poema.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Ladre menos,
Passe mais...

terça-feira, setembro 15, 2009

Ah, Ela Era...

Tinha um charme barato, um perfume fácil, uma loucura escondida, não que não parecesse maluca, mas era mais do que parecia. A questão é que não tinha um sonho. Até sonhava, dizia que se amava mais que tudo, mas não queria nada disso. Era toda imediatia, seu coração era uma nação em anarquia. Ela era desse tipo que te faz rimar sem querer. Que a faz querer mais do que devia e ao mesmo tempo, parecia ser tanto que dá até medo. Parecia saber de tudo, parecia um sentimento puro e inteiro dentro de uma pessoa só. Desses que pra se ter é preciso faltar outro por completo. Ela era assim. Poema sem o último verso, um sonho inacabado e irretornável, como poluição no peito. E queria ser assim pro resto da vida. Ah, ela era bonita também. Não que precisasse... parecia feita de louça, mas era feita de nuvem e trovoada, não cabia numa caixa que só.
Enquanto se lê aqui ela se reconhece, não que se importe, a vida é leve demais, a consciência também, voa num balão vermelho.

Ela era como a saudade, é bom tê-la e essencial perdê-la.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Contato

As pessoas mal conseguem se esbarrar sem pedir desculpas.
Ou achar que devem.
Ou ignorar o que acham.

Pesada, Dura e Franca.

Para comprar essa briga, ouro é pouco. Vim da batida mais grave de um trovão de madrugada. Pesado, que rancou o sono. Eu sou aquele que nasceu e não dormiu - e não dormiria - porque nunca acreditou na sorte, tive medo e encarei de olhos abertos. Chorei para dentro, sorri para fora. A amargura fica na garganta, mas as palavras saem leves. Não acredito no futuro, calado, não acredito na justiça, parado. Sou exército da minha própria nação, vim para contar uma história, não para dar explicação. Não durmo de raiva, não durmo de louco, batalhar aperta o peito, deixa o fôlego estranho... Só eu fico feliz e agradeço o horizonte de chuva, só eu passo a madrugada amando a lua. Só eu não ligo pras mãos manchadas de terra. E tinta. Ah, essa briga de vida...

Gosto do cheiro do inflamável, gasolina fósforo, isqueiro, gasolina, esmalte e gás - vou morrer sozinho e certo, como o fogo. Sofro, mas não desisto, sou um pagão, que tem um punho no lugar da mão.
Deus é a luta. Pesada, dura e franca.

quinta-feira, setembro 03, 2009

sexta-feira, agosto 28, 2009

A Dor de Hoje.

Escuto o que há de mais venenoso, corrosivo. Parece que eu comi uma pilha, igual àquele maluquinho do Polegar, meu estômago está ácido, irritado, morrendo de raiva. Provavelmente tem seus motivos... Cansei das mesmas coisas, mesmos dias, outros números, outros nomes cheios de coisas desinteressantes. Sinto dor. Se aparecesse a pessoa certa, eu poderia quebrar minha mão na cara dela. Dele, na verdade. Sabe quando até o instinto se vai, e o ódio cobre tudo, é tão grande que acaba com a autopreservação e só se pensa no melhor modo de destruir alguém, pois é. Me sinto assim.

Essa é minha dor de hoje, não a de amanhã.


Ah! agora eu também to postando no Esgotamento

Texto sobre a Paz e a Dor

Acho que a gente não nasceu pra ter paz.
Hoje eu acordei mal mesmo, desesperado com o meu mal estar, com a gastrite, minha mãe reclamando das mesmas coisas do trabalho, contando coisas que eu realmente não tava interessado, a seleção de músicas do celular tavam horríveis, e eu vim no trem pro trabalho inteiro em pé. Geralmente eu sento no chão mesmo e foda-se, mas nem isso deu.
Enfim, no caminho a pé pro trabalho eu decidi parar. Do nada. Olhei um carro passando, reparei no sol, o tiozinho passando com mó dificuldade pela rua. Eu, parado. Deu uma puta sensação de que algo tava completamente errado. Não era pra ser assim, foi um vazio misturado com a vontade de chegar, missão sem cumprir... Não sei o que era.
Mas cheguei conversando com os caras da agência falando sobre isso e descobri que é praticamente impossível parar no meio do caminho.
As pessoas não agendam “ter paz”. Então a gente só vai conseguir conquistar isso se conseguir quebrar o nosso caminho... É como se o rodar fosse maior que a vontade da roda.
Aí as coisas melhoraram, não só porque eu consegui me distrair com outro assunto que não a minha dor, mas percebi que se nós não somos feitos para parar, então continuar é o melhor remédio.

O próximo texto vai ser o que eu escrevi no caminho antes de "conseguir" parar.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Sobre o fim.

As coisas perfeitas
Só são perfeitas
Porque
Elas
Acabam.

quarta-feira, agosto 26, 2009

O Ralo e o Chuveiro.

Viver é um ralo. A gravidade é a essência do todo. Todas as coisas caem, tudo se perde. Os risos, os panos, os livros, os ônibus, canções - todas elas se gastam. Se perdem num buraco no meio da sala. É preciso que caiam, haveriam muitas coisas para usar, para amar, para sentir o cheio. Enquanto observo como criança tudo escapando com a água pelos buracos pequenos na plaquinha de metal, vejo os fiapos, as notas, as letras, as unidades caídas se amontoando.
"Era hora de ir embora". Todos têm uma hora.
Mas se todos se vão, em algum lugar chegam. Fico imaginando elas, algumas se prendem no esgoto, outras são jogadas ao mar para as barbatanas e corais, outras logo evaporam, umas voam pro resto da vida nas asas de quem as mereça. Partes viram nuvem e chovem no seu telhado, na sua roupa, na sua vida, e viram o seu sorriso.

A chuva já foi água de rua.

terça-feira, agosto 25, 2009

Corpo e Alma e Corpo e Alma.

Eu não quero estar só no seu coração.

Ela não segura mais as flores.

Eles são iguaizinhos, ela e o vaso.
Lindos e quebrados.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Vista linda.

Perdi a pressa de viver, não carece. Ando devagar e é certeza que eu vou chegar. Assim os ventos me ventam mais antes de chegar, as árvores balançam mais e meus passos valem mais a pena. E as pessoas me verão mais pelo caminho e eu verei mais o caminho das pessoas. Minha inspiração e minha expiração fazem sentido, são atos pensados, é uma sensação além. Além da palavra.

Nem sei como dizer, mas é que... eu estou vivo. Eu estou tão vivo.

Mais pássaros, mais ônibus. Mais do mesmo, mais do novo. Cada passo meu será uma mensagem a todos que dão tantos passos, que afinal, não dão passo algum.
O tempo é rei, não me esqueço, mas o passo é lei. Lei de liberdade dos homens, lei de prisão. Na verdade, a liberdade é o espaço entre um passo e outro, é meu quase voar e eu curto a vista linda. É meu quase voar e eu... Vivo bem devagar. Vivo bem... devagar.


Quanto mais acelero, mais eu tenho que frear.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Uma Linha

A nossa história só tem uma linha, mas eu prefiro a chamar de verso. Porque o que ela tem de curta... tem de poesia.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Religião

Fé demais
Fede mais.

Meu nome é Jonas Nightingale.

terça-feira, agosto 18, 2009

Drummondiando

Um lírio lírico nasceu do asfalto.

Dêlírios, Yuri.

sábado, agosto 15, 2009

Poema Concretista.

Concreto, travados os destroços por dentro.
Atropelamento, trânsito, drama, tropeço da trama.
Os crentes criam escrevem desastres. Alegria em preto e branco.
Estreito|
Triunfos são pragas, trincheiras cinematográficas. Créditos à pressão.
Preciso. Pressa, pressa, pressa.
Trovão.
No prato, o transparente. Transparentes: grandes e brilhantes e prediletos, entrelaçados, crus.
Primeiro do próximo, transporte, catraca. Comprimidos e atrasados.
Prodígios cruciais nos prédios trincados.
Outros presos bravos incontroláveis.
Críticos tristes aos trapos. Projetos que sobram atrizes.
Presentes em segredo, gravado em traços profundos, as promessas.
Procura trabalho, preço, trabalho, preço. Lucro? Troco...
Pros ventres de vidro:
- Palavras proibidas são gravidade,
- Palavras proibidas são gravidade.

Cidade

sexta-feira, agosto 14, 2009

Deixa eu explicar.

Paixão é a desexplicação.

Fôlego

A saudade é uma maratona.

terça-feira, agosto 11, 2009

Mu ro

Tudo é feito de metades.

segunda-feira, agosto 10, 2009

O Lado Vencedor

Estou no meio de um protesto. No meio. Aquela dinâmica toda é incrível. Nas ruas devastadas, o fogo, os cacos, os caídos no chão, as depredações todas, os combatentes todos, são eu. Sou eu. Com um pano no rosto, com escudo e capacete. Ergo minha bandeira, como em uma guerra. Um só brasão - só. Os dois lados, os canhões, o metal distorcido, o sangue distorcido são meus. O terno de vidro, as idéias feitas de areia, em luta. "Estamos em tempos de revolução, senhores." Eu era entre quatro paredes, agora sou entre esse labirinto. Briga suja e desleal, sem regras, arremessando pedras e todos os projéteis possíveis, bombas de efeito moral no ar. É um assalto. A tropa de choque segue o coração e o ombro do irmão de farda ao lado, os rebeldes jogam molotov e tem do seu lado a fúria, a coragem, a paixão. Batedores, guerrilheiros, militares, camicases. Uma batalha longe de terminar. Nas notícias, nas salas de jantar, na rua com armas na mão, no choro das viúvas, na leveza das crianças que não entendem. Esse sou eu.
Toda guerra tem seus sacrifícios e nesse aspecto nunca - nunca - há vencedores.



Desescrevendo:
Dentro de mim, guerras demais e poucas bandeiras.

sexta-feira, agosto 07, 2009

É.

Não vou mais dizer não.

quinta-feira, agosto 06, 2009

A Força do Pensamento (ou A Crítica aos Braços e Pernas).

Queria pensar as coisas todas.
Todos os pensamentos que havia no mundo naquele momento. Queria abrir a cabeça e que lá entrasse tudo o que mais coubesse. Os desequilíbrios e a iluminação das coisas da mente - um gênio. Queria que não houvesse uma coisa pensável que lhe fugisse da memória. A maior memória do mundo. Ele só desejava ser brilhante e que os olhares reluzissem como diamante com suas palavras, suas idéias únicas, ultrajantes, revolucionárias...
Rangeu os dentes, forçou os olhos, tentou um mantra até se cansar, brincou de nirvana, mas nada. Na-da. Continuou sendo o que sempre foi: menino de contáveis realizações e incontáveis sonhos.


Sonhos são feitos de nuvens, realizações são feitas de pedra.

quarta-feira, agosto 05, 2009

AmoR.

Não me peça pra ficar, tantas coisas ficam, mas eu não posso. O amor está no vento e todos sabem que ventos mudam. É preciso seguir. A vida só é doce se você provar. Senão de que adianta tanto aviãozinho de papel, tanto aroma, tantos fogos de artifício a plainar. Cabelos e chuvas e sentimentos e serpentinas. Curta. É preciso inspirar até onde o pulmão agüenta, inspirar ele todo, até a garganta arder um pouco e o nariz gelar por dentro. É preciso segurar o amor no fôlego, pra curtir o quanto puder... porque amores escapam. É preciso dar espaço, claro, pra que ele se vá. Porque se os amores não vão e vem e a gente não respirar, que se vai somos nós.


Os muros se fazem de muros. E caem.

terça-feira, agosto 04, 2009

segunda-feira, agosto 03, 2009

Uma Tela Tem Mil Formatos.

Desenhar é leveza,/ Escrever é pressão.

sexta-feira, julho 31, 2009

O mundo contra a minha dor, eu a favor do mundo.

quinta-feira, julho 30, 2009

Muro-Verbo

De frente com o muro compôs, maquinou, borrou, iluminou, riscou. Destruiu, coloriu, escreveu, gravou, desescreveu. Tingiu, esboçou, sujou. Musicou, acrescentou, apagou, eternizou, delineou, condenou. Entorpeceu, representou, marcou sua alma. Sua alma. Para que quem passasse rotineiro, pudesse sentir que ali alguém se destruiu e se arremessou por completo. Tomou posse daquele plano imenso, inquebrável. Como se seus braços e pernas e dúvida e sonhos e fúria e loucura e amor fossem feitos de tinta.

Com uma idéia, palavras e nenhuma ferramenta, sua mensagem significava cada letra:
"Um poema na mente vira a ausência da parede".



Não sei desescrever esse poema

terça-feira, julho 28, 2009

Prato Predileto.

Não era um ruminante de verdades. Não aceitava nada. Todo dia era um outro, fazia o que um outro, o inesperado, fazia, desejava como nenhum outro já fez. Assim, abraçando todos os pontos de vista que lhe cabiam os olhos, transformava toda realidade antes que ela se fizesse presente. Com poesia, euforia ou harmonia, com alegria, com demasia. "Todo dia o dia será menos como é, e será mais como sou." Não sabia o seu gosto preferido e não via problema. Ainda tinha muitos que não conhecia, tinha tantos que inventava, tantos que fascinava. Vida mastigada é um desperdício. Não havia tempo e não há, tanta vida sobra toda hora...

Não se rumina,
vida
se
engole.


Migalhas que fazem salivar um banquete, satisfazem.

domingo, julho 26, 2009

In-Coerente

Acho que um dia desses eu vou implodir ou coisa parecida. Vou cercar minha casa, sem entrada nem saída, em volta e por cima, cercar os olhos e meu peito por dentro e por fora. Ou eu seco ou eu não caibo mais em mim - não sei direito como funcionam essas coisas.
Deixa eu tentar explicar:
Pra alguém que se apaixona tanto (intensa e imprevisível, ainda assim repetitivamente), eu acho que eu tenho desapaixonado de menos.


O jeito que eu tinha pra falar os nomes dela, já não acompanhavam mais o desenho da minha boca.

sábado, julho 25, 2009

Poema Bobo da Invenção das Estações

Pergunte ao outono quem é a primavera, ele não conhece, não. São duas estações tão distintas, divididas por outras tão duras. Que absurdo entender a tal primavera, cadê o friozinho bom, o sol que não esquenta, a carícias da queda folhas? E o céu, que cor senão prata? Ele é outono, ela é primavera, combinam tanto e nem imaginam. Ela pelos olhos, ele pelo tato, época boa pra namorar. Leves, sutis, opostos. Porque é que primavera e outono, coitados, não podem sair pra namorar? Ela colorida de flores, amores, pássaros e sabores tantos, ele tão aconchegante, de mangas compridas, aromas, beleza e o tempero certo da temperatura. No meu sonho, ele a tira pra dançar e faz um carinho na nuca, que fica toda arrepiada. Ela então, olha fundo em seus olhos, ele fica extasiado, como pode alguém ser tão bonita? Ela cheira o perfume dele, não resiste e dá um beijo de flor. Ele nunca pararia de sentir aquele gosto bom que toma a boca toda. Uma pena - o sonho, tão ameno e gracioso, tem que terminar. Mas pense como seria bom se não houvesse inverno nem verão.

As estações mais romanticas não sabiam namorar

sexta-feira, julho 24, 2009

Reflexão.

A vida está no olhar dos olhos dos olhos no olhar.

quinta-feira, julho 23, 2009

A Refazenda e a Natureza

Existe um homem. Ele havia perdido a linha da vida, como uma borboleta que esqueceu o que é ser borboleta e virou lagarta. Não que regredisse - ele só esqueceu. A essência de um homem sempre será sua. Um casulo quer voar, um casulo quer rastejar, um casulo quer ser casulo afinal. Não evoluímos, somos. Somos e mudamos de tempo, nele todo bem e mal causado, são bondades e maldades próprias. O mundo não tem culpa, ele só incentivou o homem a ser menos outros homens.
Aquele que caiu, perdeu a linha porque sua linha é ser perdida, sua linha era se perder e cair.
Existe um homem, e ele está em todo lugar.

Sua força e fraqueza (se for essa sua pureza) serão despertadas e não plantadas. Somos única semente do que somos. Não há terra, não há adubo, não há chuva que faça com que outra semente, que não a nossa desperte em nosso peito.

E quanto ao homem que havia caído, fique tranquilo. A queda do homem, era feita de força pra levantar. O homem era feito de queda, e era depois... feito do homem que seguira a caminhar.


Desescrevendo:
O casulo era feito de asas.

Re-Corrente Sanguínea.

Isso é um ciclo vicioso, viciado, viciante. Maus hábitos sempre vêm à tona. Ainda bem... Se por um lado eles te enchem de culpa, por outro, eles te enchem por completo.


Desescrevendo:
Corrupto, completo, impuro, claro, corrompido, real, ilícito e delicioso.

segunda-feira, julho 20, 2009

A vida é dura. Nem os segundos serão os primeiros.

sexta-feira, julho 17, 2009

Conto da Tinta dos Olhos (ou O Ideal)

Acho que vou me arriscar nos contos.

Tudo estava muito claro. Quando nasceu havia a paz. Por todos os lados, seus olhos castanhos, tão facilmente encantáveis, deslumbravam o branco das peles das meninas, seus sorrisos brancos e seus abraços brandos. Havia a natureza e os homens e as máquinas e todas caminhavam tranquilamente. Lucidez. Um poço claro. Cresceu um belo jovem e a felicidade, que se mantinha lá por tanto tempo, o preencheu enquanto pôde. Mas o menino se questionou, queria alegria, queria a futilidade e o descompromisso, queria entrar mais um pouco na sua cabeça, e no que existia além dela. Ele então se escondeu na maior solidão que encontrou, perdido em seus piores pensamentos e depois de vastos segundos, talvez por azar, ele chorou. Uma lágrima azul-marinho. O que era um choramingo deu abertura aos soluços e um choro inconsolável, com berros, tremedeiras, movimentos bruscos.

Lagrimas caíam como a chuva. Primeiro o azul cor de tinta fez o menino ter medo. Mas a mancha não parou. Ele chorou mais e mais, manchou suas roupas tão sóbrias, seus tênis e depois a calçada e a avenida. As pessoas se assustavam, nunca tinham visto alguém chorar, ainda mais daquele jeito.

Depois a cor rosa algodão-doce, depois o verde aroma de campo, vermelho sangue... Ele choveu lágrimas de todas as cores e quem quer que se molhasse um pouco, perdia a paz de seus dias, nasceu cores novas e tudo que era claro, ficou confuso. O amor se perdeu, e as pessoas desesperaram e correram e quando pararam elas se olharam como se não tivessem nada. E um tempo veio e um sentimento mais forte nasceu no peito dos que conseguiram mudar e preencheu como nenhum tinha até então.

A paixão pulsava visivelmente nos olhos e as cores todas saíram de suas idéias, expressões e palavras, que agora eram eternas, duras e mutáveis a cada momento. O menino, agora com olhos cor de cobra coral, nunca mais foi visto. Mas há o boato de que após chorar dias, o menino gargalhou. E caminhou sem pressa de viver, para a lua baixa com cor de seus olhos.



Desescrevendo:
A questão era contagiosa. Por isso, virou poeta.

sábado, junho 20, 2009

Estou dando um tempo. (Ou As pessoas não morrem de raiva)

Gente que visita aqui, eu sei que são poucos mas a existência desse blog é feito pra me expressar. Eu tenho um moleskine, um caderninho onde anoto todos os meus textos. Assim eu guardo meus textos, e solto eles de tempo em tempo aqui, por preguiça de digitar e tudo mais. Digitar não me apetece. Eu tenho uns 40 e poucos textos guardados lá.

O meu azar começou a um mês, e nunca mais acabou. Acreditem em mim quando eu digo que TUDO que podia dar errado, deu. Eu tentei ser otimista, dar risada da minha desgraça, pensar que eram coisas pequenas e que eu devia seguir em frente. Dia-a-dia, algo me aconteceu. E não é porque eu fui desatento ou destrambelhado, nada disso. Algumas coisas tem acontecido comigo e a sua razão vai com certeza além do compreensível. Eu quase chorei algumas vezes nesse mês, vocês me entendam - eu só choro quando eu realmente preciso.

Ontem foi um dia normal, coloquei minhas coisas na mochila normalmente. Mas Deus, ou sei lá que Diabo, decidiu que eu precisava de mais um acontecimento. Hoje quando fui olhar minha mala o desodorante disparou e molhou todo os meus cadernos. O álcool transforma a tinta numa grande mancha azul. Meu moleskine, estava entre os cadernos.

Eu perdi todos os meus textos hoje.

O meu sentimento é inexplicável. Nem vou tentar passar isso pra vocês. O acaso, ou Deus, ou o Diabo, ou uma energia de soma de todos os meus atos com os atos dos outros, decidiu que era hora de apagar tudo o que eu tinha construído nos últimos tempos. Acertaram no meu ponto fraco, na única coisa que me mantêm forte. Meu moleskine, contei pros meus amigos, era minha melhor aquisição financeira que eu comprei na minha vida. Mas eu não sabia que mais do que isso era a minha melhor aquisição sentimental também. Hoje, eu consegui ver isso.

Hoje eu fui derrubado como nunca antes na minha vida. Quem me conhece sabe que meus tropeções foram imensos, eu diria que, hoje eu estar aqui é a única razão pra dizer que esses tropeções não destruiriam uma pessoa. Quem me conhece sabe também que todas essas vezes eu resisti porque tinha um lugar onde jorrar todas as minhas... sei lá como se chama. No meu caso nesses últimos meses, era o meu moleskine. Hoje uma coisa dentro de mim morreu. Morreu como se nunca estivesse ali. Isso não tem nome, não tem cor, nem peso. Eu perdi o apreço pela bondade, ela nunca me trouxe nada. NUNCA.

Vou dar um tempo, queimar essa porra e tentar começar de novo. Algum dia desses. Não hoje e nem amanhã e nem essa semana. Eu não consigo. Não consigo entender, não consigo chorar, não tenho um rosto em que bater, não tenho algo para me fazer esquecer, esse sentimento não passa.



Numa página irônica de tudo isso, eu tinha um poeminha escrito em letras grandes e tomavam a página inteira, do qual me lembro porque era recente:
"O copo está todo vazio,
O copo está todo cheio.
O copo está todo vazio,
O copo está todo cheio.
Sede boa é insaciável."

O álcool nessa página pegou só até a metade e o que sobrou do poema foi:
"O copo está todo vazio," e uma metade de cima da frase seguinte, o que deixa tudo ilegível. Eu não teria porque mentir hoje, não tenho porque exagerar e nem consigo criar nada. Não consigo.

Eu nem sei o que dizer. Só sei que "morrer de raiva" é uma expressão tola e que tem também o uso banalizado. As pessoas não morrem de raiva.

As pessoas não morrem de raiva. Não morrem.
As pessoas não conseguem morrer de raiva. Raiva.

Raiva.
Ou eu estaria morto.


Desescrevendo:
Em toda tinta que derramava, havia também a origem do branco.

sexta-feira, junho 19, 2009

Mérito

A miudez dos imensos será notada e escandalizada, a imensidão dos miúdos será notada e abafada. O senso comum é um rei ruim. E o marginal é distorcivelmente lindo. Um bobo da corte cujo único mérito é ser bobo, mas reinaria bem como ninguém.

Encantadores

O fogo encanta fácil, os olhos ardem de encanto. E enquanto uns se queimam tentando guardá-lo, outros em paz, curtem seu afago inapagável e sua tranquilidade estonteante. Só por preservar a liberdade do fogo ser quem é.

O fogo, como tudo o que fascina, como todos encantadores, vivem por lei seus encantos e suas dores.

Reticências.

Não peço que goste, nem mesmo respeite meus poemas. Mas se for me ler um dia, só lhe peço: leia me... devagarinho.

terça-feira, junho 09, 2009

Pouso Raro

Ela é passaro de asa quebrada.
Verão de andorinha, pena de pavão.
Leveza de beija-flor, lembrança de bem-te-vi.
Foi despencar na minha mão,
pra minha surpresa e perdição.

Sei que o caminho de passarinho é vento.
Mas, passarinho de pouso raro,
Conserto a tua asa, ou te planto num vaso?
Pra não ser minha
Mas também
De mais
Ninguém.

Canta como um canário,
E eu canto canalha.
Com uma gaiola
No lugar
Do coração.

Desescrevendo:
Não sabia voar, e não soube dar asas.

segunda-feira, junho 08, 2009

Troco da Padaria

Todo dia ia, não que houvesse a necessidade, já vinha com o café da manhã tomado de casa. Mas sempre perdia um tempo, sempre pedia uma garrafa de água, só pra poder vê-la. "Até que é revigorante, uma água pela manhã." - discurso de fracassado. "Só vai querer a água? São R$0,90." - ela falava linda de morrer sem levantar os olhos, sem erguer o rosto. O troco, tão pouco, lhe divertia. Todo dia ele insistia que não precisava, todo dia ela deixava as moedas no balcão e não dizia nem mais uma palavra. A tolice diária o consumia, deixava sua cabeça cheia de idéias, cheia de mais imaginações. Foram meses até que pudesse tomar coragem, mas naquele dia, tocou sua mão com carinho, quando ela foi lhe dar o devido dinheiro pra que ela pudesse olhá-lo ao menos uma vez. Seu rosto então se levantou e revelou os olhos mais lindos e azuis que conheceu, intensos, densos.

Mas tinha algo errado com aquele olhar - ele tinha de tudo, mas tinha mais desprezo... desprezo. E ele então, virou ninguém. Pior que fracassado, um ninguém que não ia muito bem de coordenação motora e esbarrou na mão dela. Mais um ninguém. Aquele olhar, tomou a decisão pro resto da vida, aquela pessoa, e todos os pensamentos bonitos dirigidos a ela, mas mais do que tudo aqueles olhos não lhe valiam mais, nada daquilo lhe valia, nem o troco da padaria.


Desescrevendo:
Mesmo sob uma rima tola, se vive uma vida toda.

quinta-feira, junho 04, 2009

Um Variável, Uma Variável

O ódio vem sempre de graça, por isso deixo. Deixo que odeiem quem sou sem problemas.
Mas me amar é mais difícil, não deixo que ninguém me ame como sou. Não exercite a minha estagnação, eu sou passante. Ame o que eu não sou ainda, pra se acontecer de eu amar de volta, que eu possa ir além do que eu sempre iria. Não há espaço para autopreservação, nem se manter, os amadores se transformam, os amantes transformarão. Se esse presente servisse não teria passado. Se servisse mais, seria uma meta.

Meu futuro é ar, ou ausência. Mas com o amor-do-que-não-é, meu futuro vira vento e eu sou, mesmo, um passante.

quarta-feira, junho 03, 2009

O amor tem T.O.C. demais pra mim.

quarta-feira, maio 27, 2009

Vice-Versa

Parece que de um dia pro outro nosso peito fica mais forte do que o normal. Aguenta um pouco mais do que todos os limites conhecidos hoje - ele está mais denso. Nesses dias, você vê que o impossível perdeu um pouco de espaço, mas o peito é couraça. Você abriu mão de um pra abraçar o outro. O seu coração cambaleia e você não entende - ele está mais oco. Um é consequência do outro e vice-versa, porque na vida todo dia se escolhe: ou você é forte, ou você é sincero.

domingo, maio 24, 2009

Merecida

Eu não
poderia escrever
meio poema
pra ela

Nem gostaria,
pra ser 
sincero -

Ela vale 
um poema 
todo.

Mas o 
que posso
fazer? Se
ela merece 
mais do
que eu
posso escrever?

segunda-feira, maio 18, 2009

Lavanderia (ou A Mancha)

Eu sou blusinha bonita. Ela me usa, e fica linda. Passo o dia na gaveta, pensando se esse vai ser o dia que vou sair do breu. Mas eu geralmente me decepciono, fico ressentido e ressentindo. Leciono, condiciono as minhas idéias. Volta e meia ela quase me escolhe que eu sei. Mas sai pela rua, sem me vestir. O que posso fazer, insistir? Mas eu gosto de me fantasiar como sua preferida, eu sonho, eu quase sinto. É sina. É sério, ela fica mais bonita comigo. 

E quando abre a gaveta sorrindo, eu sei que hoje é meu dia. Um dia lindo pra sair de casa. Completo. Tudo nela vale. Ah, que sorrir. Sentir o seu respirar me toca e me preenche.

E um dia meu acaba logo. Mais um dia mais curto indo embora. Ela me manda pra lavanderia. O guarda-roupa dela é enorme e meu caminho é a gaveta. O que eu sei?
Eu sou blusinha bonita; e ela me usa. 
 

Sobre a Solidão 2

Qualquer coisa que me mantenha fora do chão. Eu me busco, mas só encontro descaminhos. Uma casa sem teto, propulsão sob os pés, o espaço na cabeça. Me jogo no negro de tudo. Na noite de todos, granulado que não tem gosto. Gosto de vazio. Espero chegar em algum lugar, mas só encontro descaminhos. Dopado, confuso, insistindo no errado de propósito, pra ver se algo cai na minha cabeça e destrua essa minha loucura. Luto contra meu bom senso, e é tão difícil desse jeito. Eu luto por alguém, mas se encontro meu caminho, ele é só.

quarta-feira, maio 06, 2009

Sobre a Solidão

#Abro o jornal. Ele descreve a minha dor. Periódico.


#A solidão é seu quarto, e nem você cabe nele.


#Andorinha só, morre de inverno.


#Nesse lugar, sentir-se ridículo
Noutro, magnificamente escondido.


#Eu me destruo, sem fazer alarde.

terça-feira, maio 05, 2009

Contato

Eu imagino na cama, um espaço pra ela. Com espaço pra ela fazer o que quer. E ir tirando a meia com o dedão, e esquentar meu pé com o dela. Enchendo minha cabeça de um espaço de idéias, um cobertor aconchegante do meu carinho, te carinhar a noite inteira. Sem espaço entre nós, seu cheiro é nosso e meu amor é seu.

quinta-feira, abril 16, 2009

Respira e Transpira. (ou Meu Poema Feminino)

Estava eu na vida, olhando o ar e tudo mais... Ele me passava, desfilava quieto, me usava, e às vezes até me sumia... Ah, nas vezes que me sumia... Era lindo, confesso, mas sempre foram tantas causas, sempre algumas outras causas. Ele sempre aparecia pra preencher, mas caia no vácuo das outras noções do mundo. A gente ia se esquecendo aos poucos, até o vago conviver. E ele nunca reclamou a falta do meu carinho. Certamente instigante, esses olhos azuis.

E o mundo mudava, e vento fazia. E ele comigo mexia, me esfriava e me bagunçava. Quando era quente, refresco. Quando frio, a lembrança de estar vivo. Me fez trocar de roupa, mudar a cara, me fez pensar em como seria o meu futuro. O vento me olhou bem forte, agarrou a minha nuca, me deu um beijo de outono, desses que parece uma dança e me trouxe... a lembrança de estar vivo. 

E eu então facilmente me apaixonei pelo vento, e ventei pelo resto da vida.

terça-feira, abril 14, 2009

A Hora do Mundo

Tá todo mundo atrasado. 
O mundo está atrasado.

Só eu
Acordei antes do despertador
Antes do galo acordar
Levantei antes de terminar de sonhar
Antes do dia começar, eu desperto perto.
De mim, longe da hora do resto.


Só eu
Tiquetaqueei errado
Acorde desafinado
Banho antes da água chegar
Saí antes da porta abrir
Cheguei no ponto antes do ônibus rodar
Vi a lua esta tarde.
E fui a pé mesmo.
Tinha terminado antes da chefia chegar.
Fui embora antes da chefia notar.

Rimei sim antes do fim da frase. 
Não entendi o dia todo.

Só eu aqui, 
Cheguei antes do horário de saída
E descansei antes mesmo do cansaço me alcançar
Vi a programação antes,
Entendi o jornal,
Me cansei antes do final da festa.

Hoje tem algo de errado,
Me calo como se tivesse falado
Encosto a minha cabeça sozinho
E permaneço um tempo
Eu sei antes de pensar

Mas finjo que não percebo,
Finjo não saber muito bem
Que eu vivo hoje tão preso 
No viver do meu ontem.

sexta-feira, abril 03, 2009

A Margem

Quero. Quero os detalhes todos pra mim. Os cantos, as menores cores, os maiores edifícios, as texturas e tecidos, a formação das coisas, os traços psicológios, seus sons tão surdos. Dizem que Deus está nos detalhes... Mas que besteira! Deus está dentro não está fora, Ele está na possibilidade. Se fosse lhe dar um outro nome seria "Luta". Deus está na transformação de suas vontades, não pela crença, mas pela força. Os detalhes não, os detalhes são criação dos homens, criação do amor dos homens. E eu, os quero todos. Abrir o canto dos olhos, afinar a beira dos ouvidos, notar a superfície da superfície da pele e a borda dos aromas. A esquina da vida, quero subir e andar sobre essa cerca do mundo que eu conheço do mundo que eu não reparo, quero os dois lados de todo muro. Arreganhar a alma, explorar tudo que tudo é e assim ver tudo o que sou e posso ser.

Os detalhes são criação do amor dos homens, e notam os detalhes aqueles que têm a grandeza para mais-amar.

domingo, março 29, 2009

Mensagem na garrafa.

Foi só mais uma bebedeira, como todas as outras. Como tantas das minhas, como tantas das... Álcool qualquer que desce a garganta e transforma as coisas. Distorce os olhos e a cabeça inventa histórias, apaga verdades, empresta sorrisos - situação ideal. O problema é que me confundi tanto, fiquei tão bêbado, que achei que era sentimento. A gente se perde mesmo, "tá ventando forte", trança as pernas em cima dessa idéia, perde os tempos, a clareza, o equilíbrio, a consciência. Uma alegria imensa, de levar e lavar a alma. Pela frente, uma porção de planos - uma ilusão e duas tolices.
Ainda bem quem chegam os dias e a ressaca vem, com ela vem alguma vergonha também, dos dias passados, do papel de bobo. Algumas ressacas levam meses, mas isso nem tanto importa, não sei.
O que eu bebi? Não é cerveja, nem whisky, não era zulu, nem gasolina. O que eu bebi não tem nome, nem rótulo. Veio numa garrafa de um formato que eu nunca vi, não era feita de plástico, nem vidro, não era feito de nada, não sei... Sei que o que eu tomei, outros já tomaram, ficaram loucos e se enganaram como eu. Vi esses embebedados sorrindo pelas ruas tão crentes de que pudesse existir algum elixir de paraíso. Cantando a poesia da vida em refrões desarrumados, trocados... distorcidos. Essas fórmulas não existem. Pessoas são, e suas consequências serão implacáveis e só, não sei.

Sei que foi uns goles a mais, uns dias do meu salário.
Besteira na veia, nada que me valha. Certo?

Lama.

Tristeza é um colar de pérolas deitado sobre um peito que não bate carinho.

quinta-feira, março 26, 2009

Eu e Ele (a Metáfora de Toda-ação)

Eu podia ver em seus olhos que ele não exatamente me amava. Depois de algumas declarações e tanta inércia, foi fácil entender tanto ressentimento. A gente não podia se gostar, de qualquer jeito... a gente não se entendia. Uma amizade impossível, e uns anos de confidências e convivência deram abertura às diferenças, à raiva, depois o ódio, o desprezo. A apreço azedou, virou repulsa de paladar. E estávamos ali, frente a frente, no pior de nossos dias, no fim de tudo.

Decidi a reação, ou a reação me decidiu. Respondi aquele olhar com força, nos olhos e no todo, exteriozando a minha completa ruindade interna. Aquele momento tão pesado e libertador, queimando embaixo da pele, um impasse, uma linha que segue ao desconhecido. Tudo de maior e pior do meu mundo, travado naquele segundo. Na pupila, no centro, eu o via da mesma forma, um descontrolado encarando um precipício de sensações.  

Todo o mau da alma, toda a minha alucinação, tão escondidos, debaixo de chaves num baú profundo. De onde ninguém mais podia ver, meu maior pecado (não contra Deus, mas contra os homens) esvaiu no ar. Fiquei surdo de minha própria voz, gelei de meu próprio monstro, meu rosto distorceu, meus músculos contraíram - eu o agredi com tudo o que pude. 

Eco oco naquele vazio de sala.

O sangue saindo dos meus dedos, marcaram o caminho, de costas pra ele, segui pro nunca mais. Os cacos no chão, os pedaços todos de uma história terminada, uma metáfora pra toda ação, nunca mais o encarei, nunca mais eu vi... meu reflexo no espelho. 

terça-feira, março 17, 2009

Meu corpo

Num instante
Os pés descalços no jardim,
A cabeça num balão,
Os olhos nos olhos de uma criança,
Os braços no sopro do vento.

O rosto no lavar de manhã,
As costas esquecidas na rede,
A nuca num beijo,
Os dedos na chuva.

O peito se jogando na cama,
Ou num abraço,
Ou nas nuvens.
O peito se jogando...

Até a canela de mar,
Até o pescoço de massagem.

No riso, algo lindo
No olhar, alvorada.
Na barriga, arrepio de carinho
Na boca, o gosto de um docinho.
Na pele o banho nem frio nem quente.

Num instante
A mente livre,
A alma nua,
O coração em paz.

No outro
Não estou em lugar algum,
Estou em nunca mais.

à La Shaggy

A liberdade é uma fogueira que você tem que apagar com as mãos antes de ir embora.

terça-feira, março 03, 2009

A minhoca.

A Justiça é tão cega, que não faz idéia de quem tá ajudando.

segunda-feira, março 02, 2009

Meu Querido Anônimo

Acho que meu único fã merece resposta. O super-homem aqui é cheio de defeitos como você, eu gosto de sentir e me expressar do meu jeito único, exatamente como você. Isso não me dá nenhum super-poder, né?! Estou exercendo um direito meu, de mostrar o que penso e assinar embaixo. Claro que a covardia também é um direito... Enfim, meus textos me fazem sentir bem e só. As opiniões me deixam instigado, com certeza, mas as pessoas estão tão cheias delas, que eu estou cheio das pessoas. Porque o que sobra de opinião, falta de atitude, e eu nunca me escondi em momento algum da minha vida e tenho orgulho disso (nem vou entrar no mérito do que você se orgulha). Tá aqui o meu msn braga.yuri@hotmail.com; meu celular 71500062. Se quiser resolver sua incapacidade comigo, sua impotência, como hominhos. De tempo em tempo aparece alguém como você (aliás os últimos dois foram mais engraçados e mais descolados do que você)... e vocês sempre passam... e passam... sem bater no peito.

Nascente

Corre. Passos aos montes, direção leste. Eu que já fui tão covarde, hoje me sinto tão... hedonista. Puro prazer, puro. Essa vontade de querer mais me suga. Me toma a pele, as pernas... Eu só quero correr em direção a madrugada, longe desse nascer do sol. Arrepia. Hoje, egoísta ou não, eu só quero que esse dia continue, e me dance mais, me sinta mais, me mostre mais. A medida do mundo, vive aqui pulsando nas minhas veias todas, na boca, nos coloridos imaginados dos olhos. Esgoto os pulmões nessa cor de aurora, em direção àquele infinito azul. Minha alma tem um tom de madrugada, e madrugada tem o tom da minha alma, feliz... A minha festa interna, está no rosto de todos, completos, nas coisas simples e harmoniosas daqui de fora, nos sentimentos mais... mais. Não tenho tempo pra explicar, nem quero, eu tenho que correr. Estou no limite do passado. E eu não quero passar de jeito nenhum, eu quero que fique, quero que permaneça, não quero que amanheça. Quando o sol nasce, as sombras de um dia novo surgirão e hoje foi o único dia na Terra que não assombreceu.  
Não é culpa minha, eu estou encantado. Estou tão propenso a correr, hoje sou tanto, tenho tão pouco... Hoje eu sou tanto contra o tempo, contra o espaço, a favor de minha única vontade. ùnica verdade. Que a vida dance assim a vida inteira. Pra mim e pra todos. Eu desejo que um dia, pelos menos um dia, todos possam viver imensamente, ilimitadamente em sua essência. E que esse um dia possa pra sempre ser sua janela, sua vazão de tudo. Minha janela pra um olhar azul é hoje.   

Eu poderia rodar pra sempre contra o mundo. Mas parece tanto que o mundo roda contra mim...

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Esses meninos, meus passarinhos

Esses meninos me fazem ter saudades, saudades do que já fui, saudade de todo um mundo bom. Um mundo de tretas e zoeiras, de absurdos e brincadeiras, um mundo só nosso... onde a finalidade está no meio, e o meio está no estar. Esses meninos me fazem viver e brigar pela vida e amar pela vida. Esses meninos me fazem querer amar pessoas que a gente nem conhece, sabe o quanto isso é grande? Quando o amor já não te cabe, e você precisa espalhar, compartilhar? Como se a felicidade fosse uma bomba que explode lá dentro da gente. Às vezes eu não sei se estou sendo claro e faço sentido pra quem lê esse texto, mas esses meninos me entendem. Me entendem, me sacam, me abraçam quando me sinto só, me deixam só quando isso é tudo o que mais quero, e comemoram comigo a descoberta, a descoberta da vida. É raro ter pessoas assim, e na vida já dei azar de tudo, de jogo, de amor... Mas vocês não fazem idéia de como esses meninos compensam. O revés do revés. Amizade é uma coisa estranha pra muita gente, pra nós ela é... natural. Como se ler os meus olhos, sorrir os meus sorrisos, gargalhar as minhas gargalhadas, abraçar meus abraços não fosse suficiente... Eles ainda são meus irmãos. Esses meninos me sabem e a gente aprende junto, a gente aprende junto. E eu sei cada um deles. E agente não se perde em preconceitos, não se prende em orgulhos, nós somos asa um dos outros. Eu sou asa desses meninos, eles são asa minha e isso pra mim é amizade. Vocês são a minha casa, a família que eu nunca tive, o meu teto e o meu chão. Asa, Que segura vento quando vai pousar, e bate forte quando decola, e ainda faz poesia, poesia que se compartilha, amor que se revela, dor que se divide. No meio de tanta confusão, no meio de tanta gente, no meio de tanta paz e tanto caos, agente prevalece, o nosso amor permanece. E se o tempo muda as coisas, agente muda também, por que agente aprendeu a lidar com o sentimento mais forte do que o paixão e raiva, agente aprendeu no desequilíbrio o equilíbrio de ser amigo, e se o tempo passa, agente prevalece, o nosso amor permanece. Se o tempo passa, eles são eternamente no meu coração... “esses meninos”.

(Com tanto céu pelo mundo, como é que esses passarinhos conseguem formar os seus ninhos? E mesmo tão livres de si mesmos e todo o resto, como eles se bicam tanto? Apesar de tanto vento, de tanto passarinhar, vocês continuam voando no meu peito incansavelmente. E posso dizer com todo crédito, com toda propriedade, com um carinho imenso no rosto e na alma: é muito, MUITO amor, fellas)

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Fragmentado

Envio cartas a endereços aleatórios, com mensagens várias sobre a paz, sobre a dor, sobre a alma, sobre nada. Cartas intensas e separadas, com o máximo que sinto sobre cada sentimento, minha experiência mais forte. Pra ver se alguém se identifica com alguma percepção minha, alguma história do meio dessa confusão que sou eu.
Tá tudo embaralhado e às vezes é difícil dividir, mas nenhum sentimento é puro, certo?! Isso deixa até mais sincero talvez.
Seria impossível colocar tudo numa carta só. Aí talvez não teria quantidade suficiente de linhas, ou tinta nas canetas aqui do escritório. Talvez até fosse possível, mas ao tempo de terminar, já teria mudado tudo de novo. E será que seriam palavras? Ou rabiscos vários, uns desenhos sobre letras, outras anotações infelizes debaixo de frases de carinho. As palavras talvez se sobreporiam e ninguém conseguiria ler nada. Acho que não estou pra ser entendido...
E pra quem eu mandaria afinal?
Idéia idiota...
Melhor me divertir imaginando que alguém vai responder a pelo menos um sentimento, pelo menos alguém, pra pelo menos corresponder, pra pelo menos...

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Carta clara

Eu quis te fazer um poema, que dissesse como você está em mim, e que te mostrasse o quanto isso é difícil de mudar.

Eu queria poder explicar, mas muita coisa é só sinceridade de sentimento e pronto. Tem coisa que transparece mais que a chuva. Tá nos meus olhos, pode ver. Mais que sua pele transparente. Às vezes verdades puras e simples são difíceis de lidar. Mas eu confesso que me cansei de justificativas e só quero só que você exista... Pura e simplesmente e seja sempre essa imensa parte do talvez da minha vida. Que talvez seja o meu sim, mas nunca menos. Tá aí se você quiser ver, explícito, nítido, quase que um brilho à flor da pele, nos meus versos sobre a verdade e minhas desculpas pra te encontrar. Claro como risada de criança. Ah como eu mentiria por você... Mas me diz, vício bom é virtude? Porque se for minha virtude tem seu nome e seu sorriso. Que virtude você tem de sorrir gostoso assim... Se não for, meu vício de você me corrompeu e me definiu. Virou meu defeito, meu modo de ser feliz.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

MiM

Se minha realidade pudesse se retratar num lugar incrívelmente impossível, eu estaria numa nuvem no inferno, ou no fogo dos céus. Como pode ter tanta dor no mesmo peito que tanta felicidade? Ao mesmo tempo, os mesmos meios e erros e acertos com fins alheios. Minha vida se passa, infelizmente. Felizmente, haverá meu passo e de lá verei meu caminho. No meu passado sempre estarão os dois lados da moeda crua e cravada fundo. Minha verdade escrita em cada palavra. Brilhando e manchando minha história, de cores e cores e negro. Ecos de harmonias e microfonias, do bom e do pior, do mais doce e mais azedo. Minha vida é um jogo de dados viciados no jogo do meu fracasso e do meu sucesso. Tanto fracasso, tanto sucesso...
Parece que eu engoli o mundo, e ele me dá azia, e é meu único remédio. Meus braços abertos são cruz e asas. Cruz e asas. De caos em paz, do distante em casa. A minha alma foi atingida em cheio, sou um homem partido.

Partido no meio.

sábado, fevereiro 14, 2009

A única certeza do caminho é o passo

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Telha

A paixão é como uma pedra que se joga. Sai quicando no lago e distorce tudo antes de afundar. Como aquela que você arremessa no teto do seu vizinho, só que o vento é forte e a sujeira sempre cái no seu quintal. Quando chove lá, molha; quando chove aqui, entope o ralo.

Eu poderia escrever esse texto num folheto de igreja

Justo quando todo mundo achou que o amor era um vaso, porcelana, colorido, lindo e frágil, foi que o amor virou uma flor, de margarida. Dos cacos germinou, brilhou, floreou e uma pétala sua no vento forte voou. Voou pra longe e pra perto e pintou a cabeça dos homens doentes do buraco da alma.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

O nado dos braços e o nada da alma

Que vontade de mergulhar profundo, tranquilo. O céu é uma piscina. Eu me jogo sem me preocupar com o fundo, mergulho pra cima pra estragar todas as regras da lógica, da gravidade, do esperado. Uma desordem no meu rumo, uma aleatoriedade interna, um desejo incontrolável. O paraíso é estar imerso, com o silêncio e a dificuldade de abrir os olhos. Afinal ser feliz é não enxergar direito, certo?! A paz mora nesse infinito azul. Nesse infarto de toda dor, eu prendo minha respiração pra ficar o quanto puder, nesse silêncio... Com fôlego de nadador, na minha cuca, nada. Uma ausência de corpo. Eu preciso me desligar um pouco, viver num tempo só meu, tirar a roupa e nadar umas horas. Algum momento poder esticar as pernas na minha melhor nuvem que nem bóia de criança. Ficar ao sol com todo lugar à minha disposição, toda contradição ao meu favor, com toda cor no meu bolso e só.




Dizem aí sobre a solidez da solidão, mas eu só vejo uma piscina, tão interna e tão instável quanto bonita.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

A Trava

Primeiro você engole a granada, depois puxa a trava. Parece que tudo o que tá fora quer entrar, tudo o que é de dentro quer sair, uma briga imensa acontece em cada pedaço do seu corpo. Todo cantinho que passa despercebido na rotina, hoje dói. O teu corpo te odeia. Parece que é errado, mas não reclama que a vida não é justa.
Porque ela é justa, apertada, comprimida, estreita. Pode sempre um pouco menos do que se diz, sobra muito do mais que não se quis. Todas as sensações do mundo brincam de explodir no seu estômago e isso é tudo o que lhe cabe.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Dualidades não existem.

A verdade é rude,
O tempo é inquieto,
A vida é desconsertante,
Imparcial e intransigente.

As dores são feitas de concreto
Até pros mais cínicos como eu.

Ideal se fosse diferente,
Mas o caminho é feito de margens.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Começo e Fim de Festa.

Só o sucesso embriaga mais que uma mulher. Embriagado, nada é mais sucesso do que uma mulher. 

Hahahahaha

Quanto imerso

Querer é a minha essência de ser feliz. Ter não tem tanto valor. Quando eu quero sou só eu quem diz, em silêncio, um diálogo bom entre o eu das minhas idéias, e o eu de praxe. Quanto posso pra dentro? É daqui a pista que aterrisa ou decola? Pra esse tanto interno. Quão imenso, até que ponto, qual é o preço? Pra esse tanto interno... 


Não posso partir de mim.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Miudez

Besteira. Eu sei que chorar pode parecer besteira, te contar pode ser tão vão. Mas é algo pequeno, que escolhi com cuidado. Como te apresento, como eu te guardo em segredo... Tudo pode ser besteira. Mas se não é de besteiras que vive o homem, então a grandeza já não lhe serve.