segunda-feira, setembro 21, 2009

Beira

Eu sou o beiral,
Suicída tomando coragem
Margem do rio que corre.
O parapeito,
Que não pára o meu peito.

Esse monte de sentimento
aqui dentro
Parece uma favela
Um a um e aos montes
Criando moradia.

Eu sou o beiral,
Essa madrugada,
Essa linha traçada,
Essa inércia,
Esse choque de duas guerras,
Entre lá e cá.

O canto maquiado dos olhos dela
O que divide minha casa e o céu e a praça.
- a janela.

Nem na rua, nem em casa
Vivo andando e sujando o dedo nas cercas e vitrines.
Vitrines.
No muro que exprime
A prisão do medo,
O protesto do bravo.

Atravesso o cemitério para ir trabalhar.
No caminho
(Nem cheguei, nem saí)
Nem estou vivo, nem estou morto -
Coma.

Nem o excesso daqui de dentro,
Nem a falta de lá de fora.

Eu sou o beiral,
O espaço
Entre os passos,
Nem réplica, nem ouro.
Farto e falto.
Marcante e Ausente.
Na crista, no topo, na terra.
A parte que arde,
Do fogo.
A fresta que refresca
Do vento.
A Flor da flor
Da pele.

sábado, setembro 19, 2009

Onde Foi que Eu Me Perdi?

Loucos de tristeza são loucos de mostrar tanta alegria pelas ruas. Rindo indiscretamente sua mente perdida.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Ela Precisava de Alguém para Amar.

Ela precisava de alguém para amar. Fez o que pôde, inventou o amor do seu jeito, como se a idéia de fôlego a fizesse respirar. Na verdade nunca teve certeza - queria ver o sol e o mar, queria deitar no campo e ver as estrelas, queria mais tempo mas queria o amanhã incessantemente. Estava só, era linda e só e mais. Olhava de sua janela, via todas as cores, incríveis e intensas, a luz era daquelas de se acreditar em Deus. De acreditar em tudo. E acreditava que precisava de alguém para amar. Ainda acredita, não quer ver que as cores e a luz lá fora saem de seus olhos. Próprios olhos. Não quer a verdade, não quer ninguém, quer as cores e a visão que tem do mundo a fazendo querer querer alguém.

Eu sou o mar desse poema.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Ladre menos,
Passe mais...

terça-feira, setembro 15, 2009

Ah, Ela Era...

Tinha um charme barato, um perfume fácil, uma loucura escondida, não que não parecesse maluca, mas era mais do que parecia. A questão é que não tinha um sonho. Até sonhava, dizia que se amava mais que tudo, mas não queria nada disso. Era toda imediatia, seu coração era uma nação em anarquia. Ela era desse tipo que te faz rimar sem querer. Que a faz querer mais do que devia e ao mesmo tempo, parecia ser tanto que dá até medo. Parecia saber de tudo, parecia um sentimento puro e inteiro dentro de uma pessoa só. Desses que pra se ter é preciso faltar outro por completo. Ela era assim. Poema sem o último verso, um sonho inacabado e irretornável, como poluição no peito. E queria ser assim pro resto da vida. Ah, ela era bonita também. Não que precisasse... parecia feita de louça, mas era feita de nuvem e trovoada, não cabia numa caixa que só.
Enquanto se lê aqui ela se reconhece, não que se importe, a vida é leve demais, a consciência também, voa num balão vermelho.

Ela era como a saudade, é bom tê-la e essencial perdê-la.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Contato

As pessoas mal conseguem se esbarrar sem pedir desculpas.
Ou achar que devem.
Ou ignorar o que acham.

Pesada, Dura e Franca.

Para comprar essa briga, ouro é pouco. Vim da batida mais grave de um trovão de madrugada. Pesado, que rancou o sono. Eu sou aquele que nasceu e não dormiu - e não dormiria - porque nunca acreditou na sorte, tive medo e encarei de olhos abertos. Chorei para dentro, sorri para fora. A amargura fica na garganta, mas as palavras saem leves. Não acredito no futuro, calado, não acredito na justiça, parado. Sou exército da minha própria nação, vim para contar uma história, não para dar explicação. Não durmo de raiva, não durmo de louco, batalhar aperta o peito, deixa o fôlego estranho... Só eu fico feliz e agradeço o horizonte de chuva, só eu passo a madrugada amando a lua. Só eu não ligo pras mãos manchadas de terra. E tinta. Ah, essa briga de vida...

Gosto do cheiro do inflamável, gasolina fósforo, isqueiro, gasolina, esmalte e gás - vou morrer sozinho e certo, como o fogo. Sofro, mas não desisto, sou um pagão, que tem um punho no lugar da mão.
Deus é a luta. Pesada, dura e franca.

quinta-feira, setembro 03, 2009