domingo, julho 29, 2007

O Que Eu Sou

Quem é você? De tantas coisas que eu sou e não sei dizer... Quantas mais não sou, e sei que é.

Eu não sou Yuri Braga, eu não sou meu nome, não sou a pessoa na minha identidade, eu não sou a pessoa na foto, olho e digo: eu não sou esse ai. Eu não sou isso, eu não sou aquilo lá. Eu não sou o outro, eu não sou aquele, mas eu não sou mais o mesmo... Eu não sou mesmo! Eu não sou mesmo diferente, eu não sou um cara comum, eu não sou um cara... normal. Mas olhe, eu não sou louco, eu não sou o devaneio, nem os sonhos que tenho, eu não sou feito dos medos que tenho, nem das minhas insanidades. Eu não sou feito de carne e osso, não sou feito de idéias, eu não posso ser só isso. Eu não posso ser o que essa pele mostra, esse rosto, esse abraço que dou, esse beijo de entrego, os poemas que faço, não sou o que te digo. Mas eu não sou louco, não sou Yuri Braga...
Eu não sou quem, nem um porquê de ser. Não sou uma resposta, nem ponto de interrogação. Não sou um ponto, não sou referência, não sou uma linha, não sou um limite, não sou a liberdade em si, nem em dó, nem sustenido, não sou tom, não sou mi. Não sou em mim, não sou em ti. Eu não sou, aliás, uma porção de traços dados por Deus: eu não sou um esboço, não sou uma obra completa; eu não sou uma porção de negações, nem uma porção de moléculas morrendo. Eu não posso ser muitos, eu não posso ser tantos, e tantos são o que não sou. Não sou quando: não fui ontem, não serei amanhã. Ou será que serei? Eu não sou uma certeza.
Não sou um menino maduro, não sou um adulto infantil. Eu não sou o que está no meio, não sou equilíbrio, eu não sou metade. Não sou todos os extremos, será que a metade das metades? Eu não sou tantos... A metade de Oswaldo Montenegro não me escreve, não escrevo o que sou. Não sou essas letras, não sou o que está nesse papel, nem o que resta dele, quem sou eu? Eu não sou Yuri Braga, e não sou nada, não sou tudo, não sou tudo no meio, nem nada no que o meio não é. Eu não sou metade (Não sou nem a metade da laranja de ninguém. Eu não sou uma fruta! Que absurdo...).
Eu não sou de ferro, não vou pro inferno, não vou pro céu. Não sou fogo, não sou foda, não sou o que como. Não sou como, como? Não sei explicar, mas não sou. Eu não sei explicar, mas não sou. Não sou e não sou.

Eu não sou Yuri Braga, deixa eu explicar: às vezes não sei ser Yuri Braga, eu não sei saber ser Yuri Braga. Aí penso: mas sei o que ser Yuri Braga significa, talvez, ora sim, com sorte, eu seja Yuri Braga sem querer. E Yuri Braga simplesmente seja o que sou sem saber.

quarta-feira, julho 11, 2007

Cabelo cor de caramelo.

Se eu olhar pra fora agora, vou ver nada além de caraminhola. Caraminholas, caramelos... todos na minha cabeça. Eu podia até chamar isso de loucura se não visse claro que lá fora é lá fora e aqui dentro sou só eu. Caraminholas escrevem na divisão dessa parede várias histórias, caraminholas convertem a natureza das coisas sãs pra natureza das coisas de sonho. Porque sonho pra caramba, sonho até meus olhos abertos imaginarem distorções bonitas nesse quadro de tristeza. Mas vejo bem, sonhar não é ser louco, ser louco é deixar de sonhar. Vejo até no meu amanhã o dia mais importante da minha vida e nem tenho nada na agenda, não tenho nada na cabeça que faça com que isso seja uma certeza, ou ao menos uma incerteza... tudo o que tenho são caraminholas na cabeça. Do meu amanhã não me lembro, do meu ontem eu não sei, do meu agora... caraminholas. Caraminholas na minha cabeça.

Qual o Gosto?

Gosto mesmo do gosto que você gosta. Gosto de gostar do nosso gosto. Mas tenho que ir embora, o mundo me chama agora, lá fora tem tantos gostos que eu não provei, provas que não passei, passagens que eu não cruzei, cruzamentos que no seu se gosto ou gostarei de fechar ou ir em frente por qualquer dos 3 caminhos... E se eu não for entende, nunca provarei, passarei, cruzarei nem saberei o gosto que tem. E pode ser que seja amargo, mas o que posso fazer, se minha cabeça é de vento e meus pés são de valsa... Tenho que dançar por aí, viver a brisa dos meus dias, preciso de presentes tão logo ausentes, de passados tão re-presentes, de futuros tão imprevisíveis quanto o gosto dessa estrada. Do meu copo eu to tomando a droga da liberdade, que o gosto eu desconheço... mas isso não me impede, porque impedir, é aceitar a saudade do que você nunca sentiu, e eu acho isso muito estúpido. Mando agora cartas com endereço ao vento, canções para o vago, olhares para a luz, abraços para o vago, um olá para o anteontem, um até logo para o vago. Porque às vezes vale mais o vago do desconhecido do que conhecer o vago seu de perto. Às vezes o mistério se parece insegurança, um espaço pra que o vago da imensidão do mundo me chame, e eu atenda... To tomando a droga da liberdade, que delicia e corrói, que viaja vicia, chega... destrói, sai como se não fosse nada. Minha perdição pode ser só mais um sorriso, só mais uma música, só mais um minuto. Minha perdição poderia ser também uma voz a menos, um tempo a menos, um abraço que não deu. E abraço a dúvida como a um irmão, e sigo em frente... To tomando a distorção que me permite, pra ver prazer na dureza que via, ver beleza na dureza que via, ver paixão na dureza que via... Prazer, beleza, paixão. Todo tomando a droga contra todo não que um dia eu já dei. Virei rei das minhas horas, de tanto agoras que nunca tive... e se foram, se poram, se secaram, se despetalaram, se...

Entenda, que parto não porque não gosto de você, é porque preciso achar o meu paladar pra vida, o meu toque de sentir, pra assim quem sabe aprender a gostar de gostar de mim.