quinta-feira, outubro 29, 2009

O Maior Erro do Mundo.

Fui errar de propósito e acertei sem querer.

quarta-feira, outubro 28, 2009

A memória de Amélia.

Um homem segue, é noite, é só, é tudo o que deveria ser. Segue o quanto cabe nos passos, carregando o mundo na cabeça e a chuva nas costas. Os postes iluminam as ruas já molhadas, reflexo, e o asfalto parece feito de ouro. Ele sabe: nós todos lutaremos e amaremos e nos perderemos. E o tempo levará tudo o que há de mais precioso na nossa vida. O tempo levará. Nossa vida. Aos bravos e bondosos não sobrará muito além de um senso de justiça ridícula, irônica, irreal. Deus estará na chuva e o Inferno no asfalto e no ouro e no outro, no chão de todo chão.
Não há coração, há somente o batimento, um tapa na cara, a ilusão do firmamento e a dor do esquecimento.



Minha vó lembra de cor aniversário de filhos, netos, bisnetos, dias de santos, datas e nomes e situações. Minha vó lembra meu nome.
Minha vó lembrava.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Terceiro Texto

(Sobre o moleskine)

Como uma vez afirmei, irei mudar e encher esse bege de paz de azul de compactor. Pesar essas folhas de tinta e transformá-las em meu tijolo pessoal afim de quebrar minhas janelas e todos os tetos de vidro de meus vizinhos. Derrubar o muro dos meus dias, com um só tijolo - mais forte e intenso. Inspirar o ar e prendê-lo no peito até quando não der mais, pra que minha expiração seja tão boa quanto a sensação inspiradora. Uma vez disse e aqui repito: não haverá espaço em branco. Não haverá, e assim serão meus dias.

O Segundo Texto

As cores que você vê,
São as cores que você carrega.

"É necessário voltar ao começo"

"Quando os caminhos se confundem é necessário voltar ao começo"

Já dizia o rapper e fui fuçar o meu moleskine. Ele nem é tão antigo assim, mas achei isso lá. Gostei de ler e tal, é o primeiro texto:

Ainda há voz Clarice, então há de arder meu direito incessantemente na audição dos quem têm ouvido, dos que têm ouvidos... Minha rasura de vida é tinta, que ainda preenche os vazios de não-viver.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Pulsante.

Ele é um lustre em queda, bonito e não vale um tostão. É vermelho e cinza de ferro e fogo. Ele é aquele excesso que faz imaginar as coisas diferentes, um poço de sonhos e moedas de mais valor. Versão autêntica, irreplicável e eu escrevo para lembrar. Inatingível. Explosivo, erosivo, urge e ruge, forte e breve, inaplicável no mundo real. Inaplicável e ainda assim...

Eu escrevo para lembrar que tenho um coração. Lindo e denso e ridículo, bate forte em minhas veias. Com violência, mérito e sangue. Bate tinta, confuso, é humano demais. Sua textura é de dor, garra, zelo e esquecimento. Ele é indefeso, errado, louco e bravo. Rústico, plural e leve.

É de concreto, névoa, acúmulos e horizontes montes. Sabe o que é estar no chão, estar no céu, estar transparente, estar em lugar algum, estar em outros corações tantos, outros tantos deslugares e aqui no meu peito.

E eu escrevo para lembrar
que ele
Existe.

Um abraço pro André.