quarta-feira, outubro 10, 2007

Avenida com Dois Nomes.

To só de passagem. Não, moça, agradeço a bondade. Mas não vim pra ficar, o mundo fica na paisagem, eu fico de passagem em todo lugar. Faz parte sim, de mim essa vista toda, e toda ela não diz nada sobre mim. Nesse lugar tão longe, tão longo, eu me encontro, eu me reduzo... a ser. Minha vida é essa avenida. Essa avenida que tem dois nomes: daqui pra frente ela chama Estrada do Sonhar; daqui pra trás chama Caminho da Saudade. Só verbo. Verbo, desencontro, descompasso, inconseqüencias, existir. Minha crença é frágil, mas meu passo é feito de aço, fogo e sangue. Tem suor mas festa, tem muito chão essa minha caminhada, tem muito nada também, tem muito vazio. Mas pára pra olhar em volta quanto horizonte... Tira o ar o tanto ar que cabe aqui... Nessa grandeza poéticamente inimaginável, internamente possível. Nessa ida, tão querida e tão dura, tão... apaixonada, eu sigo caminhando para não-conhecer o limite, pra esquecer... Sei que estive em milhares de lugares, milhões de corações, nas sinas de algumas meninas, no sono de alguns outonos e aprendi. Aprendi do mais doce e do mais amargo com tantas entradas e saídas, vindas e despedidas. Aprendi com essa vontade enorme de comer as nuvens. Com essa vontade de correr essa Estrada pra frente, e sentir ficar cada vez mais esse Caminho...

Viu quanto horizonte?
Agora vou embora. To só de passagem, moça, agradeço a bondade...

2 comentários:

Anônimo disse...

E eu espero que você siga em frente com vontade de engolir as nuvens, porque os poetas têm sonhos muito bonitos e merecem ser todos intensamente vividos.

Anônimo disse...

(e você escreve violentamente bem)