segunda-feira, setembro 21, 2009

Beira

Eu sou o beiral,
Suicída tomando coragem
Margem do rio que corre.
O parapeito,
Que não pára o meu peito.

Esse monte de sentimento
aqui dentro
Parece uma favela
Um a um e aos montes
Criando moradia.

Eu sou o beiral,
Essa madrugada,
Essa linha traçada,
Essa inércia,
Esse choque de duas guerras,
Entre lá e cá.

O canto maquiado dos olhos dela
O que divide minha casa e o céu e a praça.
- a janela.

Nem na rua, nem em casa
Vivo andando e sujando o dedo nas cercas e vitrines.
Vitrines.
No muro que exprime
A prisão do medo,
O protesto do bravo.

Atravesso o cemitério para ir trabalhar.
No caminho
(Nem cheguei, nem saí)
Nem estou vivo, nem estou morto -
Coma.

Nem o excesso daqui de dentro,
Nem a falta de lá de fora.

Eu sou o beiral,
O espaço
Entre os passos,
Nem réplica, nem ouro.
Farto e falto.
Marcante e Ausente.
Na crista, no topo, na terra.
A parte que arde,
Do fogo.
A fresta que refresca
Do vento.
A Flor da flor
Da pele.

2 comentários:

Menina Marina disse...

Você tá na melhor fase. Que bom pra mim,que leio sempre.

Beijos menino Yuyo,floresça mais e mais

Nina disse...

não sei se é a melhor, mas é MUITO boa!

beijos!